Tasso: "Não estou colocando meu nome à disposição para rachar, e sim para unir" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 8 de novembro de 2017 às 14h16.
Brasília - O senador Tasso Jereissati (CE) lançou oficialmente a sua candidatura à presidência do PSDB, na manhã desta quarta-feira, 8, com a defesa de um código de ética "mais rigoroso" e de um novo estatuto que contemple adoção do sistema de compliance (conjunto de boas práticas) para fiscalização interna do partido e seus integrantes.
Durante o evento, realizado na liderança da sigla no Senado, estavam presentes 14 deputados e seis senadores tucanos.
O cearense vai disputar a vaga com o governador Marconi Perillo (GO), apoiado pelo presidente licenciado da sigla, senador Aécio Neves (MG).
Jereissati reforçou que a sigla deve apresentar um programa de partido "que deixe muito claro o papel do Estado, a atuação da iniciativa privada e qual a atuação social que o governo deve ter".
O programa, que serviria de base para a campanha para a eleição de 2018, já está sendo elaborado por um grupo de economistas. "Queremos que isso apresente para a população que é possível, sim, fazer política com decência e honestidade."
A plataforma de Jereissati é firmada no discurso de que a legenda precisa se "reconectar com as ruas".
"Não estou colocando meu nome à disposição para rachar, e sim para unir, mas não adianta ficar unido aqui e distante do povo, temos que ficar conectados com a população, que é tudo o que um partido político precisa", defendeu o tucano ao anunciar a sua candidatura.
Ele avaliou que a política e os políticos "sofrem de uma enorme descrença", mas "não existe na história nenhuma saída fora da política".
Para Jereissati, a disputa pela presidência do PSDB com Perillo não representa um "racha" na legenda, e sim "sinal de vida", demonstrando que "o partido está mais vivo do que nunca". "Estamos partindo para a convergência, mas isso não significa unanimidade."
Ele comparou o momento ao da criação do PSDB, no final da década de 1980, por iniciativa, principalmente, de parlamentares dissidentes do PMDB.
"É uma refundação, uma reciclagem, pode chamar do que quiser, é uma profunda autocrítica, com o objetivo de se reconectar com as ruas", disse o senador sobre suas propostas.
De acordo com Jereissati, "há uma enorme identidade" dos tucanos com as reformas propostas pelo governo Michel Temer, porém, no aspecto político, o partido "está muito distanciado das práticas fisiológicas do governo".
Sobre um eventual desembarque do PSDB até o final do ano, o senador disse que a decisão deve ser tomada até a convenção do partido, em dezembro. "Vamos resolver isso até a convenção. Não sou eu que vou resolver isso sozinho, é o partido."
Questionado sobre a pressão de integrantes do chamado "Centrão" para tomar os do PSDB no governo, Jereissati considerou que é "um show de fisiologismo".
"Essa história de dizer 'só voto se tiver isso', 'só voto se tiver aquilo' é justamente do que queremos nos distanciar", rebateu.