The New York Times publicou um artigo do advogado-geral da União, Jorge Messias, sobre o tarifaço (Marcelo Camargo/Agência Brasil/25-10-2024)
Agência de notícias
Publicado em 15 de julho de 2025 às 07h42.
O jornal americano The New York Times publicou nesta segunda-feira, 14, um artigo do advogado-geral da União, Jorge Messias, sobre o tarifaço anunciado pelo presidente americano Donald Trump na última semana.
No texto, Messias relembra o histórico de relações diplomáticas entre os dois países e afirma: 'Brasil e Estados Unidos podem fazer melhor'."O mundo está assistindo. Escolhamos o engajamento em vez da escalada, a parceria em vez da provocação e os nossos valores duradouros em vez da arbitrariedade", escreveu Messias no artigo. Segundo o advogado-geral, o Brasil vai continuar "a defender a sua soberania, a integridade do seu sistema legal e o interesse de seu povo", enquanto busca meios para aprofundar a cooperação com os EUA.
Messias destaca que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está comprometido "com um relacionamento construtivo e pragmático com os Estados Unidos". "As nossas diferenças devem ser abordadas através do diálogo, da negociação e do respeito mútuo – e não de ameaças e medidas punitivas", acrescenta.
No texto, ele também rebate as alegações feitas por Donald Trump na carta publicada pelas redes sociais na qual as tarifas de 50% aos produtos brasileiros foram anunciadas. Messias afirma que, diferentemente do afirmado por Trump, os EUA mantém um superávit com o Brasil nas trocas comerciais.
Na carta, o presidente americano associou a decisão de impor as tarifas a uma reação contra o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pela trama golpista.
"Como advogado-geral, devo enfatizar que o governo brasileiro rejeita categoricamente quaisquer esforços de terceiros para interferir em nossos processos judiciais (...) Nenhum governo estrangeiro tem o direito de ditar ou questionar a administração da justiça no nosso país. A defesa da legalidade e da autonomia das nossas instituições são pilares inegociáveis da nossa democracia", escreveu Messias.
O advogado-geral também escreveu que as outras alegações de Trump sobre supostos ataques à liberdade de expressão e censura às empresas de tecnologia são "infundadas". "No Brasil, o direito à liberdade de expressão é protegido, mas não deve ser confundido com o direito de incitar a violência, cometer fraudes ou minar o Estado de Direito – limitações que são amplamente reconhecidas nas sociedades democráticas", escreveu, citando ainda a recente decisão do Supremo Tribunal Federal que decidiu pela responsabilização das redes sociais pelo conteúdo que nelas circulam.
"Todas as empresas, nacionais e estrangeiras, que operam no Brasil estão sujeitas às nossas leis, assim como as empresas brasileiras cumprem as regulamentações dos EUA quando operam nos Estados Unidos", escreveu Messias.