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Tarifa de ônibus em São Paulo sobe para R$ 4,30 a partir do dia 7

O aumento, de 7,5%, ficou acima da inflação acumulada desde o último aumento, em 7 de janeiro deste ano

Ônibus em São Paulo: corrigida pelo IPCA, a correção teria de ser para R$ 4,15 (Caio Palazzo/VEJA)

Ônibus em São Paulo: corrigida pelo IPCA, a correção teria de ser para R$ 4,15 (Caio Palazzo/VEJA)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de dezembro de 2018 às 09h17.

São Paulo - As tarifas de ônibus, da cidade de São Paulo vão subir para R$ 4,30 a partir do dia 7 de janeiro, primeira segunda-feira útil do ano. O aumento, de 7,5%, ficou acima da inflação acumulada desde o último aumento, em 7 de janeiro deste ano. Corrigida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a correção teria de ser para R$ 4,15, segundo as projeções de inflação consolidadas neste ano feitas pelo Banco Central, de 3,6%.

"Por dois anos, em 2016 e em 2017, a tarifa não sofreu qualquer reajuste, mantendo-se no valor de R$ 3,80, impactando significativamente o orçamento da Prefeitura. Em 2018, houve um aumento abaixo da inflação, elevando o valor para R$ 4,00. Agora, a Prefeitura realiza uma necessária adequação da receita para reduzir o desequilíbrio do sistema", argumenta a Prefeitura, em nota

O bilhete único da SPTrans dá direito a até três viagens de ônibus da capital paulista em um intervalo de três horas ou a uma viagem de metrô ou trem (que são integrados gratuitamente entre si). Há ainda uma tarifa com desconto caso o passageiro use os sistemas de pneus e trilhos. A tarifa integrada, que hoje é de R$ 6,96, não teve o novo valor divulgado pela Prefeitura.

 

 

A Prefeitura informou ainda que deixará de complementar os valores pagos por empresas para o vale-transporte. "O vale-transporte para as empresas deixará de ser subsidiado pelos impostos municipais pagos pela população. O valor a ser pago pelo empregador passará a ser de R$ 4,57. O fim do subsídio alcança apenas as empresas. Para o trabalhador, o desconto de 6% em folha, conforme define a Legislação Trabalhista, não sofrerá alteração", afirma a administração municipal.

"Os detalhes dos novos valores constam em planilha tarifária entregue nesta sexta-feira, 28 de dezembro, à Câmara Municipal, que também será publicada no Diário Oficial deste sábado, 29", continua a Prefeitura.

O bilhete único mensal foi reajustado de R$ 194,30 para R$ 208,90 e o bilhete único diário (válido por 24 horas) foi de R$ 15,30 para R$ 16,40.

O jornal O Estado de S. Paulo tenta contato com o governo do Estado para obter informações sobre o reajuste de trens e metrô, que tradicionamente são alterados em conjunto. Até o começo da tarde, a gestão Márcio França infomava ainda não tem fechado os valores para o ano que vem. França deixará o cargo na próxima terça-feira, 1º de janeiro, quando João Doria (PSDB) assumir seu mandato de governador.

O reajuste ocorre após a capital bater o recorde de gastos para subsidiar o sistema, embora o número de viagens feitas nos coletivos esteja em queda. Por causa dos sistemas de gratuidade do bilhete único, e também de benefícios a estudantes e idosos, que não pagam passagem, os valores recolhidos com a tarifa não são suficientes para custear a operação do sistema, o que faz a Prefeitura de São Paulo complementar a verba por meio de subsídios pagos às empresas do setor.

Neste ano, o orçamento da Prefeitura previa um repasse de R$ 2,1 bilhões em recursos do tesouro municipal para subsidiar a operação das empresas de ônibus. Esse valor estourou ainda no começo do segundo semestre, e deve fechar em R$ 3,3 bilhões. Mesmo assim, segundo os dados da SPTrans disponíveis na internet, neste mês a empresa somou atrasos de pagamentos às empresa de ônibus que somam R$ 38 milhões.

As 19 empresas de ônibus que atuam na cidade estão contratadas de forma emergencial, sem licitação. Desde 2013 a concessão do setor, feita em 2003, está vencida. As gestões Fernando Haddad (PT) e João Doria (PSDB) lançaram propostas para novos contratos, mas os editais foram suspensos pelo Tribunal de Contas do Município (TCM). O prefeito Bruno Covas (PSDB) publicou sua versão para nos novos contratos no início deste mês, com previsão de recebimento das propostas no dia 23 de janeiro.

Em relatório publicado em outubro, o TCM apontou que a cidade já gastou R$ 34 bilhões, em pagamentos feitos sem licitação, para as empresas do setor, somando os valores recolhidos do usuário, por meio da tarifa, e os subsídios que vêm do tesouro.

A transferência de recursos para a operação das empresas de ônibus foi 97 vezes maior do que o que foi investido pela Prefeitura na área de transportes públicos. Neste ano, de um orçamento de cerca de R$ 598 milhões para a construção de corredores e terminais de ônibus, a cidade investiu cerca de R$ 34 milhões.

No orçamento para 2019, aprovado pela Câmara Municipal na última quarta-feira, 26, os vereadores reduziram a proposta inicial da Prefeitura, que pediu R$ 2,9 milhões em subsídios para o próximo ano, para R$ 2,7 bilhões. Os parlamentares ainda haviam inserido uma emenda ao orçamento que impedia a Prefeitura de aumentar valores de subsídios para serviços concedidos a terceiros.

O prefeito Covas vetou essa emenda ao sancionar o orçamento, nestas sexta, no Diário Oficial da Cidade. Ele argumentou que o texto impunha à Prefeitura "a responsabilidade de efetuar ação que não depende apenas de sua atuação, posto que a execução de cada despesa pública implica, necessariamente, a obediência a um conjunto de leis e contratos que dependem da participação ativa de terceiros, como se dá, por exemplo, com o transporte público".

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