Brasil

Tarcísio sanciona lei que viabiliza privatização da Sabesp

Projeto de lei que autoriza a privatização da empresa foi aprovado na Alesp nesta quarta-feira

Tarcísio de Freitas, governador de SP  (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Tarcísio de Freitas, governador de SP (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 8 de dezembro de 2023 às 19h52.

Última atualização em 8 de dezembro de 2023 às 20h15.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sancionou nesta sexta-feira, 8, o projeto de lei que autoriza a administração estadual a privatizar a Sabesp.

O projeto foi aprovada na assembleia legislativa de São Paulo (ALESP) na quarta-feira com 62 votos favoráveis e apenas um contrário.

“Obviamente, é um projeto que tem sua complexidade, mas vamos debater e explicar o quanto for necessário para mostrar a vantajosidade do que está sendo construído, para mostrar o que a gente quer é água chegando na torneira de todo mundo. Estamos construindo um modelo de vitória que universaliza o acesso, aumenta a oferta e segura a tarifa. É um modelo que vai ser exemplo para todo o Brasil”, afirmou Tarcísio em nota.

Na prática, a nova lei autoriza o Executivo a negociar sua participação acionária na companhia e, assim, transferir o controle operacional da empresa à inciativa privada. Hoje, São Paulo detém 50,3% do capital da empresa, enquanto o restante é negociado nas bolsas brasileira (B3) e americana (NYSE).

A expectativa do governo, patrocinador da proposta, é que a privatização garanta capital para a Sabesp e torne a empresa mais eficiente, o que vai aumentar investimentos e antecipar a meta de universalização de água e esgoto de 2033 para 2029.

A promessa é que os aportes da companhia aumentem de R$ 56 bilhões para R$ 66 bilhões, o que representa R$ 10 bilhões a mais em relação ao atual plano de investimentos.

Hoje, do total dos domicílios atendidos pela Sabesp, 98% possuem água tratada e 83% têm seu esgoto coletado e tratado. Mas esses números ainda não consideram as áreas rurais e as irregulares consolidadas, como, por exemplo, favelas e comunidades mais carentes, onde hoje vivem cerca de um milhão de pessoas.

O governo promete ainda que a mudança vai diminuir o valor da tarifa de água para a população. Para isso, a administração estadual pretende criar o Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento no Estado de São Paulo (FAUSP), que será abastecido com 30% do valor de venda das ações, além dos futuros dividendos da companhia. Contrários à proposta afirmam que a desestatização terá efeito contrário e vai aumentar o preço da conta de água.

Segundo o estudo preliminar daInternational Finance Corporation (IFC), instituição do Banco Mundial, a redução da tarifa somente acontecerá coma a ajuda estatal, uma vez que os custos para cumprir a meta de universalização do saneamento são altas.

O levantamento apontou que "a redução tarifária se dará a partir do uso de parte dos recursos gerados pela venda das ações do governo do estado de São Paulo, de modo que não haja impacto no valor da empresa e em seus acionistas", solução próxima ao que propõe o governo.

A Sabesp privatizada também terá investimentos em obras de dessalinização de água, aportes na despoluição dos rios Tietê e Pinheiros, e em obras relacionadas às mudanças climáticas.

Segundo o governo, sem a privatização, não será possível ampliar os investimentos e nem antecipar a meta de acesso ao saneamento básico.

Como mostrou a EXAME, a administração estadual precisa renegociar os contratos com os 375 municípios atendidos pela Sabesp para que a privatização saia do papel.

Após esse acordo, todos os contratos terão o mesmo prazo de vigência, até 2060. Atualmente, os acordos têm durações variadas, e um dos mais próximos a vencer é o de Osasco, que vai até 2029.

Durante o Fórum de Infraestrutura, Cidades e Investimentos, realizado pela EXAME na última quinta-feira, a secretária estadual do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, afirmou que a expectativa da gestão é finalizar a negociação com as cidades até janeiro de 2024.

A expectativa do governo e do mercado financeiro é que todo o processo de desestatização seja concluído até o fim do primeiro semestre de 2024.

Acompanhe tudo sobre:Tarcísio Gomes de FreitasSabesp

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas