Brasil

Tarcísio lança programa social em evento marcado por comparações com o Bolsa Família

Governador é cotado para concorrer a presidente contra Lula em 2026, apesar de descartar publicamente a ideia

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 20 de maio de 2025 às 13h17.

Última atualização em 20 de maio de 2025 às 13h45.

Tudo sobreTarcísio Gomes de Freitas
Saiba mais

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou nesta terça-feira, 20, um programa social com a meta de tirar 35 mil famílias paulistas da pobreza em dois anos. Apesar de o político dizer publicamente que não pretende concorrer a presidente em 2026, e sim à reeleição no estado, o evento foi marcado por comparações com o Bolsa Família, uma das marcas registradas de Lula (PT), seu possível adversário.

A iniciativa paulista foi batizada de “SuperAção SP”. O investimento da Secretaria de Desenvolvimento Social será de R$ 500 milhões por ano, com parte da verba, R$ 150 milhões, custeando ações realizadas pelos municípios mais carentes. Esse ponto explica o apelo de mais um megaevento no Palácio dos Bandeirantes com representantes das prefeituras, como tem sido regra neste ano pré-eleitoral.

O programa ainda não está em vigor. Foram assinados dois anteprojetos para criar a iniciativa e uma carreira específica para os agentes de campo. O presidente da Assembleia Legislativa do Estado, André do Prado (PL), participou de evento e a elogiou, em uma sinalização de que deve ser aprovada como praticamente todas as matérias enviadas pelo Executivo aos parlamentares.

Assim como em outras medidas da gestão estadual, o governo Tarcísio tenta ampliar um benefício concedido pela União. Foi assim como a chamada “Tabela SUS Paulista”, que remunera as instituições de saúde, como as Santas Casas, acima do pagamento federal, e também com o recém aprovado salário mínimo paulista, de R$ 1.804, que supera o piso nacional, de R$ 1.518.

Neste caso, o programa será voltado para famílias cadastradas pelo governo federal e com renda familiar de até meio salário mínimo por pessoa, ou seja, R$ 759. Serão atendidas 105 mil pessoas na primeira fase, sendo 70 mil delas na chamada “trilha da superação” e 35 mil na “trilha da proteção social”. Como funciona por busca ativa no Cadastro Único, esses números dependem da aceitação do público-alvo.

Quem está no Bolsa Família e com restrições para trabalhar (problemas físicos, idade avançada ou baixa escolaridade, os 35 mil iniciais) passa a receber R$ 150 extras por mês por até dois anos. Já o segundo grupo (70 mil) terá foco no trabalho, com incentivos para capacitação. O governo promete montar planos individuais com foco em “emancipação e autonomia”.

— Inovamos ao considerar as particularidades de cada família. Não é atender no varejo — declarou a secretária de Desenvolvimento Social, Andrezza Rosalém.

Escalas diferentes

Apesar do entusiasmo de Tarcísio, a escala dos programas é bem diferente. Em maio deste ano, o programa Bolsa Família beneficia 53,7 milhões de pessoas distribuídas em 20,5 milhões de famílias, o que exige investimento de R$ 13,6 bilhões por mês do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.

Como regra, a renda familiar não pode ser superior a R$ 218 por pessoa para ter direito. Além do valor único por beneficiário, o público elegível pode receber ainda acréscimos variáveis, que levam em conta a existência de crianças e adolescentes, por exemplo. Em troca, o governo federal exige inscrição no Cadastro Único, frequência escolar das crianças e adolescentes em idade obrigatória e caderneta de vacinação em dia.

Iniciativas semelhantes apareceram no Brasil a partir da década de 1990, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, mas a unificação do programa ocorreu em 2003, no primeiro ano de governo Lula. Desde então, o Bolsa Família se tornou uma marca fortemente associada ao PT, que ampliou o público ao longo dos anos. De crítico do programa, o ex-presidente Jair Bolsonaro passou a defender o seu mecanismo quando esteve no Planalto, ainda que sob outro nome, o “Auxílio Brasil”.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicado em 2019 calculou redução de 15% na pobreza e 25% na extrema pobreza por meio da transferência de renda do Bolsa Família. Os autores sugerem ainda que o programa reduziu em 10% o índice de desigualdade social no país entre os anos de 2001 e 2015. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que o nível de insegurança alimentar grave decaiu de 15 milhões em 2004 para 7,2 milhões em 2013. A crise econômica no mandato de Dilma Rousseff (PT) e a pandemia de covid-19 fizeram com que esse patamar subisse novamente.

Acompanhe tudo sobre:Tarcísio Gomes de FreitasBolsa famíliaLuiz Inácio Lula da SilvaIBGE

Mais de Brasil

Recuperação da popularidade de Lula perde fôlego e reprovação chega a 40%, diz Datafolha

Itamaraty entrega a autoridades italianas pedido de extradição de Carla Zambelli

Moraes diz em julgamento no STF que redes sociais permitem ações 'criminosas' contra crianças

MP do governo prevê mudança em cargos da Receita Federal com custo de R$ 12,9 milhões por ano