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Suzano homenageia vítimas um ano após massacre; Justiça libera suspeitos

Massacre em escola na grande São Paulo deixou dez mortos

Alunos durante homenagem às vítimas do tiroteio na escola Raul Brasil em Suzano, no dia da reabertura da escola. (Ueslei Marcelino/Reuters)

Alunos durante homenagem às vítimas do tiroteio na escola Raul Brasil em Suzano, no dia da reabertura da escola. (Ueslei Marcelino/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 13 de março de 2020 às 16h25.

Última atualização em 13 de março de 2020 às 16h31.

A população de Suzano, na Grande São Paulo, prestou hoje (13) homenagem às vítimas do massacre ocorrido há um ano na Escola Estadual Raul Brasil e que deixou dez mortos. Por iniciativa da prefeitura, 33 escolas da cidade participaram de atividades por cultura e paz.

Os organizadores exibiram um vídeo elaborado a partir de ideias de crianças e jovens que escreveram cartões com seus desejos, que vão compor uma instalação artística no Parque Max Feffer. O parque fica a cinco quarteirões do colégio onde dois alunos entraram armados e assassinaram seis colegas e dois funcionários. Segundo a Polícia Militar um dos atiradores matou o colega e depois se matou.

Justiça

Uma decisão da Justiça de São Paulo de 28 de fevereiro libertou quatro acusados de participação no massacre da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo. 

O juiz Fernando Augusto Andrade Conceição, da 2ª Vara Criminal de Suzano, determinou que "Cristiano Cardias de Souza, "vulgo" Cabelo; Adeilton Pereira dos Santos; Geraldo de Oliveira dos Santos, "vulgo" Buiú; e Márcio Germano Masson, "vulgo" Alemão" não devem ser acusados de homicídio no caso da chacina. O magistrado, porém, condenou "Cabelo" e "Buiú" por tráfico de arma de fogo, com pena de quatro anos de reclusão. A decisão avisa ainda que "absolve" Alemão.

Conceição decidiu ainda converter as penas de "Cabelo" e "Buiú" em penas restritivas de direito, podendo os dois ficarem em liberdade, com prestação de serviço comunitário. O réu Adeilton também obteve direito de recorrer em liberdade. Os três já foram libertados, mas o Ministério Público Estadual pretende recorrer da decisão. De acordo com a MP, a promotoria entende que Cristiano e Geraldo "agiram com manifesto dolo eventual e devem ser submetidos ao Tribunal do Júri".

Na porta da escola

Em frente ao portão da Raul Brasil, alunos, amigos e parentes fizeram orações ao som de violão. Com as mãos dadas, o grupo ocupou a calçada e a rua em frente à escola.

Emocionada, uma das mães, Lilian Rodrigues disse que ainda sente um aperto no coração quando leva as três filhas para a aula. “Quando deixo na porta da escola, já penso: Senhor, protege”, disse, emocionada, sobre a prece silenciosa que faz todos os dias. Para ela, mesmo que o prédio seja demolido, a memória da tragédia de 13 de março de 2019 vai permanecer na cidade. “Nunca vai ser esquecida, é uma coisa que vai ser sempre lembrada”, afirmou.

O estudante Matheus Ferrari, de 17 anos, que concluiu o ensino médio no ano passado, disse que tem sentimentos conflitantes ao chegar à escola. “Tenho saudade da época que a gente era só zueira e agora tem relembrar o que aconteceu”, disse o jovem.

Ele conta como foi duro continuar os estudos depois do massacre. “Nos primeiros dias, foi difícil, amigos próximos tinham crises de pânico. Com o tempo a gente foi se acostumando, foi ficando mais fácil de aceitar”, destacou.

Reforma

A Raul Brasil passa atualmente por um processo de revitalização. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, 90% da reforma já foi concluída. O término das obras, inicialmente previsto para março, deverá ocorrer no mês de abril. O projeto, que custará mais de R$ 3,1 milhões, está sendo financiado com a ajuda de parceiros privados.

A revitalização da unidade inclui a construção de novas áreas comuns, de estudo, de convivência e administrativas. Prevê ainda a demolição e reconstrução de novas salas de aula, do Centro de Ensino de Línguas (CEL), banheiros e cantinas, além da reforma das salas de leitura e informática. Haverá entradas diferentes para alunos e para pessoas de fora da escola, que não terão acesso aos estudantes.

Também está sendo criada uma área de 1,5 mil metros quadrados para uso comum, que contará com paisagismo, além de um espaço destinado à prática de esportes, aulas ao ar livre e bicicletário.

De acordo com a pasta, o muralista Eduardo Kobra e sua equipe vão pintar painéis internos e os muros externos da escola. Os desenhos serão criados a partir de um concurso que vai reunir os alunos das 60 escolas da região de Suzano e selecionar os melhores trabalhos.

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