Agentes da Polícia Federal durante a sétima fase da Operação Lava Jato, em São Paulo (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2014 às 17h40.
Brasília - O delegado Márcio Adriano Anselmo, chefe da Operação Lava Jato, registrou em documento enviado à Justiça federal nesta terça-feira indícios de que os investigados na Operação Lava Jato sabiam previamente das buscas e apreensões realizadas na última sexta-feira.
A documentação foi encaminhada pouco antes de o empresário Fernando Antonio Falcão Soares, o Fenando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de desvios da estatal, se entregar à PF em Curitiba.
"No curso do cumprimento dos mandados de busca e apreensão na empresa OAS, os policiais foram surpreendidos, quando chegaram na madrugada, com a presença de três advogados no local", afirmou Anselmo em documento enviado ao juiz federal Sérgio Moro.
Ele anexou o auto circunstanciado escrito à mão pelos policiais que realizam a busca na empresa.
Ele também registrou um segundo fato como indício de vazamento da ação policial: a viagem realizada pelo presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, que reside em São Paulo, para a cidade de Salvador na noite de quinta-feira, véspera das buscas e apreensões.
"Assim, os elementos indicam que teria ocorrido o vazamento das diligências a serem empreendidas nos locais de busca", afirma o delegado.
Soltura
O delegado também manifestou-se hoje pela soltura de nove presos da sétima fase da Operação Lava Jato.
Estão nesse grupo Ednaldo Alves da Silva e Carlos Alberto da Costa Silva (UTC); Carlos Eduardo Strauch Albero e Newton Prado Júnior (Engevix); Otto Garrido Sparenberg e Valdir Lima Carreiro (Iesa); e Jayme Alves de Oliveira Filho, policial federal que trabalhava para Alberto Youssef.
O delegado pediu a prorrogação das prisões temporárias de Renato Souza Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, do presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, e do presidente da UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa.
Também podem ter sua prisão prorrogada Mateus Coutinho de Sá Oliveira, funcionário da OAS em São Paulo, de Alexandre Portela Barbosa, advogado da OAS, e de Walmir Pinheiro Santana, da UTC.
Em documento endereçado ao juiz federal da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, Sérgio Moro, o delegado justificou sua solicitação dizendo que a investigação tem "grande complexidade" dada "a estrutura de desvio de recursos públicos, mediante possível cartelização e fraudes em procedimentos licitatórios, bem como a exigência de vantagens ilícitas a agentes públicos, com a estruturação de complexa rede de atuação para a lavagem dos valores".
"Destaque-se ainda que foi arrecadado grande quantidade de material no curso das diligências de busca e apreensão, que demandam análise, ao menos preliminar, para eventuais esclarecimentos dos presos", afirmou o delegado.
As primeiras prisões da sétima fase da Lava Jato, realizadas na última sexta-feira, vencem nesta terça. Por isso o delegado se manifestou sobre a prorrogação.
Outro dois presos, Danton dos Santos Avancini, presidente da Camargo Corrêa, e João Ricardo Auler, presidente do conselho da Camargo Corrêa, só se entregaram nos sábado e, por isso, os cinco dias só vencem para eles nesta quarta-feira.