Brasil

Surto e estoque baixo fazem governo buscar vacina de sarampo no exterior

Até 31 de julho, foram confirmados 967 casos no estado de São Paulo

Sarampo: primeira dose costuma ser dada para bebês de 1 ano, mas é recomendado proteger crianças já aos 6 meses se forem viajar para cidades com registros da doença (indsey Wasson/Reuters)

Sarampo: primeira dose costuma ser dada para bebês de 1 ano, mas é recomendado proteger crianças já aos 6 meses se forem viajar para cidades com registros da doença (indsey Wasson/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de agosto de 2019 às 13h53.

Com estoques limitados, o Ministério da Saúde iniciou busca no mercado internacional para compra de vacina contra sarampo. Diante da explosão de casos em São Paulo e com receio de que o quadro se replique em outros pontos do País, a pasta procura alternativas para eventual aumento expressivo da demanda. Uma das possibilidades é usar quantitativo que havia sido reservado para uma campanha de multivacinação, programada para este semestre.

"A Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) também já se prontificou a ofertar vacinas, caso seja necessário", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Wanderson Kleber de Oliveira. "A preparação para compra seria para um cenário mais complexo. Os Estados estão abastecidos e orientados a seguir as condutas." Mas depois completou: "Não adianta todos quererem vacinar todo mundo."

Até 31 de julho, foram registrados 967 casos confirmados de sarampo e a capital concentra 80% dos registros, segundo a Secretaria da Saúde paulista. O ministério considera ainda que Rio, Bahia e Pará estão com surto. Infecções confirmadas antes de maio não são mais incluídas no boletim oficial. A pasta afirma que, com longo período sem casos novos, nesses locais a transmissão foi interrompida.

Para frear a expansão da doença, campanhas voltadas a crianças e jovens adultos em São Paulo foram organizadas, incluindo postos volantes. O ministério emitiu ainda recomendação ampliando a indicação de vacina nos casos de bebês que viajam a áreas de risco para sarampo. Tradicionalmente, a primeira dose do imunizante é dada quando a criança faz 1 ano. No informe da pasta, a indicação é de que nos casos de viagem a dose seja dada já aos 6 meses. Há grande número de bebês menores de 1 ano infectados.

Para Oliveira, isso se deve, sobretudo, ao fato de as mães desses bebês não terem sido imunizadas e, assim, não passarem os anticorpos da doença para o bebê na amamentação. Pela lista do ministério, 37 cidades de São Paulo, Pará, Bahia e Rio são consideradas de risco. A vacinação deve ser feita até 15 dias antes da viagem e não dispensa a aplicação das duas doses tradicionais, aos 12 e aos 15 meses.

Mensalmente, o ministério encaminha para Estados 2,5 milhões de doses da vacina. Diante da expansão de casos em São Paulo, foram encaminhadas 4,3 milhões de imunizantes para o Estado. Desde 10 de junho, 902,2 mil pessoas de 15 a 29 anos foram imunizados. A meta é vacinar 4,4 milhões até dia 16.

Estratégia

Como o jornal O Estado de S. Paulo revelou, o ministério abriu caminho na segunda para decretar emergência em saúde pública por causa do sarampo. Foi posto em operação o Comitê Operativo de Emergência em Saúde. Composto por membros de vigilância, vacinação, atendimento hospitalar, atenção básica e assistência farmacêutica, o grupo é encarregado de fazer acompanhamento diário da evolução da epidemia e traçar estratégias, se os casos aumentarem de forma acima do previsto.

Oliveira, no entanto, a avalia que o principal é manter ações de bloqueio e imunizar grupos prioritários. A vacinação em escolas é outra medida considerada importante. "Não adianta a imunização sem critério. É preciso concentrar esforços nos grupos mais vulneráveis."

O sarampo é altamente contagioso e pode matar. A estimativa é de que um infectado tenha capacidade de contaminar 40 pessoas próximas. Tradicionalmente, o período de mais risco é em meses frios. A transmissão geralmente perde força a partir de setembro.

A vacina usada no País é produzida por Biomanguinhos. Este ano, serão preparadas 26 milhões de doses - 12 milhões já foram entregues. Conforme o laboratório, diante de um pedido do ministério, seria possível pensar em alternativas.

Nos últimos cinco anos, a produção de vacina de sarampo variou de modo expressivo. No surto de febre amarela, Biomanguinhos teve de reduzir a produção de vacina de sarampo para produzir mais imunizante contra a febre. "Como ambas compartilham uma mesma linha de produção, o aumento da demanda de uma afeta a capacidade do fornecimento de outra."

Acompanhe tudo sobre:DoençasMinistério da SaúdeSarampoSaúde no BrasilVacinas

Mais de Brasil

Defesa de Bolsonaro diz estar 'surpresa' com ordem de prisão de domiciliar

'Estou inconformado', diz Valdemar da Costa Neto sobre prisão domiciliar de Bolsonaro

'Não vi problema em postar': Flávio diz que Moraes responsabilizou Bolsonaro por ações de terceiros