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Suíça apura negócios de empresário brasileiro

Mariano Marcondes Ferraz admitiu ter pago propina de US$ 800 mil para o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa

Corrupção: empresário pagou 3 milhões de reais em fiança para ser solto (Marcos Santos/USP Imagens/Agência USP)

Corrupção: empresário pagou 3 milhões de reais em fiança para ser solto (Marcos Santos/USP Imagens/Agência USP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de novembro de 2016 às 10h32.

Última atualização em 5 de novembro de 2016 às 10h35.

Genebra - O empresário brasileiro Mariano Marcondes Ferraz passou a ser alvo de investigação pelo Ministério Público da Suíça após admitir ter pago propina de US$ 800 mil para o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Ferraz foi preso no fim de outubro ao tentar embarcar para Londres no Aeroporto Internacional de Guarulhos. O empresário pagou fiança de R$ 3 milhões e foi autorizado a deixar a prisão anteontem.

Na Suíça, a investigação quer saber o papel que o executivo, ligado ao grupo internacional Trafigura, exercia para entender o envolvimento de multinacionais no esquema de corrupção no Brasil.

Para advogados em Genebra que acompanham o caso, a prisão de Ferraz abre uma nova fase de investigação, com foco nos negócios da Petrobrás com empresas internacionais.

No inquérito da PF, duas empresas com sede na Suíça aparecem como suspeitas de terem feito pagamentos milionários para ex-diretores da Petrobrás, incluindo Costa. Uma delas seria a Trafigura, com escritórios em Genebra e que controla um volume significativo do comércio mundial de petróleo.

"A companhia acompanhou os relatos sobre o caso no Brasil e a questão está em processo de análise interna. Não faremos outros comentários sobre o assunto até termos plena ciência dos fatos", afirmou a empresa, em nota. Segundo o inquérito, a empresa manteve contratos de US$ 177 milhões com a Petrobrás entre 2004 e 2015.

Segundo afirmou em depoimento à PF, Ferraz diz ter feito repasses entre 2011 e até meados de 2014 para Costa. Os pagamentos seriam relativos a contratos firmados pelas empresas do executivo com a Petrobrás e, segundo o depoimento, foram feitos em uma offshore mantida pelos genros do ex-diretor da estatal.

As contas, as empresas e o esquema de pagamentos teriam todos sede em Genebra, segundo apurou o MP suíço. A investigação aponta ainda para depósitos em contas do banco Lombard Odier, também em Genebra, ligadas a parentes de Costa.

O caráter sistemático dos pagamentos chamou a atenção dos investigadores, que tentam identificar se os supostos depósitos foram feitos de forma coordenada com a empresa ou um ato isolado de um alto funcionário. Um dos genros de Costa é citado num informe da PF indicando que Ferraz estava "inadimplente", numa referência ao fato de que a suposta propina não havia sido paga.

Imóveis

Em Genebra, registros imobiliários indicam que, entre 2008 e 2013, a família de Ferraz adquiriu dois imóveis. O primeiro é uma casa num dos bairros mais caros de Vandoeuvres, cidade próxima a Genebra. Ela está em nome da ex-mulher do executivo.

Ao lado de um campo de golfe, está avaliada em 7,2 milhões de francos suíços, segundo os registros. Ao Estado, uma pessoa que estava na casa disse, em português, que Ferraz "não mora" mais ali. Na porta, o nome Ferraz ainda está na caixa de correio.

Já numa rua calma de um bairro residencial de Genebra, Champel, um outro apartamento avaliado em 6 milhões de francos foi adquirido em 2013. Somados, os valores das duas propriedades ultrapassa os 13 milhões de francos, ou R$ 43 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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