Brasil

STJ mantém competência sobre denúncia contra governador do MS

Governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, é denunciado por um esquema de corrupção que envolveu pagamento de R$ 67 milhões em propina

STJ: o relator do processo, ministro Félix Fischer, justificou a manutenção do caso na Corte porque os ilícitos supostamente cometidos pelo gestor ocorreram no seu primeiro mandato à frente do governo estadual (Wilson Dias/Agência Brasil)

STJ: o relator do processo, ministro Félix Fischer, justificou a manutenção do caso na Corte porque os ilícitos supostamente cometidos pelo gestor ocorreram no seu primeiro mandato à frente do governo estadual (Wilson Dias/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de novembro de 2020 às 17h56.

Última atualização em 19 de novembro de 2020 às 20h04.

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça reafirmou na quarta-feira, 18, sua competência para apreciar e julgar a denúncia proposta pelo Ministério Público Federal contra o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB) por um esquema de corrupção que envolveu o pagamento de 67 milhões de reais em propina. Além do chefe do Executivo estadual, a denúncia também atingiu os empresários Joesley e Wesley Batista, da JBS, o ex-secretário de Fazenda do MS e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Márcio Campos Monteiro, e outras 20 pessoas.

Por unanimidade, os ministros decidiram rejeitar uma questão de ordem suscitada pela defesa do governador.

O relator do processo no STJ, ministro Félix Fischer, justificou a manutenção do caso na Corte porque os ilícitos supostamente cometidos pelo gestor ocorreram no seu primeiro mandato à frente do governo estadual, sendo que Azambuja veio a ser reeleito. "O foro por prerrogativa de função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas", afirmou.

Na denúncia oferecida ao STJ, a Procuradoria-Geral da República imputa a Azambuja e aos outros denunciados crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa por fatos ocorridos entre 2014 e 2016. Segundo o Ministério Público Federal, como contrapartida à propina de 67 milhões de reais, agentes públicos garantiram isenções fiscais e benefícios ao grupo empresarial JBS em valores que ultrapassam 209 milhões de reais.

Oferecida pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo no âmbito do Inquérito 1.190/DF, a acusação reúne provas obtidas na Operação Vostok, informações compartilhadas a partir da Operação Lama Asfáltica, acordos de colaboração premiada e dados da quebra dos sigilos telefônico e bancário dos envolvidos.

Segundo o MPF, há registros de que um esquema de corrupção entre a JBS e o governo de MS ocorria desde pelo menos 2003, envolvendo sucessivos governadores. "Ainda na campanha eleitoral Azambuja procurou os empresários em busca de doações e, a partir daquele momento, começaram as tratativas para manutenção do esquema criminoso, caso ele fosse eleito, o que ocorreu em 2015", apontou a Procuradoria em nota.

Os procuradores acusam Reinaldo Azambuja de ter se valido do cargo de governador 'para exercer o comando da organização criminosa e praticar crimes como corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro'.

"Ele pediu e aceitou promessa de vantagens indevidas repassadas pela empresa JBS. A contrapartida para a empresa foi a concessão de benefícios fiscais ilegais, por meio da assinatura de Termos de Acordos de Regime Especial (Tares) ou aditivos. Cerca de 30% dos valores que a JBS deixava de recolher aos cofres públicos em impostos, em decorrência dos Tares assinados, eram repassados para a organização criminosa. Os acordos eram assinados por Márcio Campos Monteiro, na condição de secretário de Finanças", aponta o Ministério Público Federal.

Com a palavra, o governador do MS e os demais citados

Até a publicação desta matéria, a reportagem buscou contato com os denunciados, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.

Acompanhe tudo sobre:JBSMato Grosso do SulMinistério PúblicoPSDBSTJ

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas