Cunha: a estatal alega que o deputado afastado enriqueceu com recursos "oriundos da sangria" de corrupção instalada na empresa (REUTERS/Adriano Machado)
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2016 às 16h42.
Brasília - Às vésperas da Câmara dos Deputados decidir pela cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a ouvir nesta terça-feira, 30, testemunhas de defesa do réu, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por um suposto esquema de dinheiro desviado na compra de navios-sonda da Petrobras.
Pela manhã, um juiz instrutor do gabinete do ministro Teori Zavascki, relator da ação penal, ouviu o deputado Pedro Pinheiro Chavez (PMDB-GO). À tarde, são esperados os deputados Manoel Alves da Silva Junior (PMDB-PB) e Carlos Henrique Sampaio (PMDB-SP).
Em março deste ano, o STF aceitou a primeira denúncia contra Cunha, por suposto recebimento de propina pela venda de navios-sonda da Petrobras. A estatal alega que o deputado afastado enriqueceu com recursos "oriundos da sangria" de corrupção instalada na empresa.
"Não vou fugir da verdade", disse à reportagem o deputado Manoel da Silva Junior, enquanto aguarda a oitiva. "Vou colaborar no que for possível dentro daquilo que for indagado", completou.
Amanhã, está prevista a oitiva de mais cinco deputados federais: Flaviano Baptista de Melo (PMDB-AC), Washington Reis de Oliveira (PMDB-RJ), Hugo Motta (PMDB-PB), Fernando Jordão (PMDB-RJ) e José Saraiva Felipe (PMDB-MG). Ao todo, 17 testemunhas de defesa deverão ser ouvidas no STF até esta quarta-feira, 31.
Propina
O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró afirmou ao juiz federal Sérgio Moro que Eduardo Cunha "apoiou" o lobista Fernando Baiano, apontado como operador de propinas do PMDB, no recebimento de parte de uma propina relativa à contratação de uma segunda sonda da Petrobras.
Em junho, o STF transformou Eduardo Cunha, pela segunda vez, em réu da Operação Lava Jato. Os 11 ministros da Corte entenderam, por unanimidade, que há elementos suficientes para aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) de que o peemedebista manteve contas secretas na Suíça abastecidas com dinheiro desviado de contratos da Petrobras.