Brasil

STF barra medida de Bolsonaro que zerava impostos para importação de armas

Ao justificar a decisão, o ministro Edson Fachin afirmou que está "pouco evidente" o objetivo da redução dos impostos para o setor de armas

Arma nos EUA: medida apoiada presidente Jair Bolsonaro havia zerado alíquota para importações (Yegor Aleyev/Getty Images)

Arma nos EUA: medida apoiada presidente Jair Bolsonaro havia zerado alíquota para importações (Yegor Aleyev/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 14 de dezembro de 2020 às 17h36.

Última atualização em 14 de dezembro de 2020 às 18h25.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou a suspensão da decisão do governo federal de zerar a alíquota de impostos para importação de armas.

A medida, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, valia para revólveres e pistolas e passaria a valer em 1º de janeiro de 2021. Com a decisão de Fachin, a alíquota segue no atual valor, de 20%.

Ao justificar a decisão de barrar a medida, Fachin afirmou que está "pouco evidente" o objetivo da redução dos impostos para esse setor. O ministro disse ainda que, “no âmbito da formulação de políticas públicas", a segurança dos cidadãos "deve primeiramente ser garantida pelo Estado e não pelos indivíduos".

O Supremo foi envolvido no tema após o PSB entrar com uma ação na semana passada. O partido afirma que o imposto vai contra valores constitucionais como o direto à vida e à segurança pública.

O imposto foi reduzido via Câmara de Comércio Exterior, subordinada ao Ministério da Economia. Antes da oficialização da medida, o presidente Bolsonaro, que é defensor da flexibilização do acesso a armas no Brasil, comemorou a notícia em suas redes sociais e postou uma foto em um clube de tiro.

Na ocasião, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que reduzir impostos para armas em meio à crise no país “permite interpretações infelizes”, mas argumentou que o efeito financeiro da isenção seria muito baixo e "não viola nenhum cânone".

“São 230 milhões de reais por ano, em comparação com 55 bilhões de reais por mês com o auxílio emergencial“, disse Guedes sobre o tema. 

O PSB, autor da ação no STF, comemorou a decisão de barrar a redução do imposto. O deputado Alessandro Molon (RJ) disse em nota que o governo está "priorizando o acesso a armas em vez de buscar vacinas para todos". "Um absurdo completo que nos obrigou a recorrer ao STF, que acertadamente não se absteve de barrar mais esta irresponsabilidade", escreveu.

Mesmo com imposto, importação de armas triplica

O número de armas importadas no Brasil triplicou nos últimos dois anos. Desde o começo de seu mandato, o presidente Jair Bolsonaro implementou medidas para flexibilizar o acesso a armamentos. Até novembro deste ano, mais de 102.000 revólveres e pistolas estrangeiras foram comprados no Brasil, segundo dados do Ministério da Economia. O montante é mais do que foi comprado em toda a década de 2009 a 2018, último ano do governo de Michel Temer (MDB).

Acompanhe tudo sobre:ArmasEdson FachinGoverno BolsonaroSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas