Lula: presidente tem queda da aprovação nos oito estados pesquisados pela Genial/Quaest (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 26 de fevereiro de 2025 às 07h02.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2025 às 07h52.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem desaprovação superior a 60% em seis dos oito estados mais populosos do país, segundo pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira, 26. O levantamento avaliou a opinião da população em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Goiás sobre a gestão petista.
Em São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil, 69% desaprovam o trabalho do presidente, enquanto 29% aprovam. Na comparação com levantamento anterior do instituto no estado, a avaliação negativa teve alta de 14 pontos percentuais e a positiva apresentou queda de 14 pontos.
A pior avaliação é observada em Goiás, onde 70% desaprovam e apenas 28% aprovam a atual gestão.
O melhor desempenho do presidente é visto na Bahia e em Pernambuco, onde ele registra 47% e 49% de aprovação, respectivamente. Apesar disso, nesses estados, historicamente redutos petistas, a desaprovação superou a aprovação pela primeira vez na série histórica da pesquisa Genial/Quaest, com queda da avaliação positiva em 19 pontos percentuais no estado baiano e em 16 pontos em Pernambuco.
O desempenho ruim do governo com a opinião pública inclui estados em que Lula venceu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2022, como Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. Em Minas, 63% desaprovam a gestão petista.
A pesquisa também perguntou aos entrevistados se Lula está fazendo um trabalho positivo, negativo ou regular. O índice de avaliação negativa do governo ultrapassa os 50% em seis estados, com destaque para o Paraná (59%), Rio Grande do Sul (52%) e São Paulo (55%). A Bahia e Pernambuco foram os estados onde a avaliação negativa não passou de 50%.
O impacto da economia sobre a percepção do governo também foi analisado. Quando perguntados sobre a evolução econômica do país nos últimos 12 meses, em todos os estados, pelo menos 45% da população afirma que a economia piorou. No Rio Grande do Sul, esse percentual chega a 56%, enquanto apenas 12% acreditam que houve melhora.
A pesquisa também aponta que a alta nos preços dos alimentos é uma preocupação generalizada. Em todos os estados, mais de 90% dos entrevistados afirmaram que os preços aumentaram no último mês. O índice mais alto foi registrado em Goiás e Paraná, onde 96% disseram que os alimentos ficaram mais caros.
Outro fator que pressiona a avaliação do governo é o mercado de trabalho. Em São Paulo, 53% afirmam que está mais difícil conseguir um emprego, enquanto apenas 37% dizem que está mais fácil. No Rio de Janeiro, a percepção negativa sobre o emprego é ainda mais forte: 67% consideram que a situação piorou, contra apenas 21% que acham que melhorou.
A segurança pública também aparece como um tema central nas preocupações da população. A violência é o principal problema apontado no Rio de Janeiro (71%), na Bahia (44%) e em Pernambuco (32%), reforçando um cenário de insegurança nesses estados. Em São Paulo, a violência também lidera entre as preocupações dos paulistas, sendo citada por 34% dos entrevistados.
Outro dado relevante do levantamento é a percepção sobre o rumo do país. Em sete dos oito estados analisados, pelo menos 63% dos entrevistados afirmaram que o Brasil está indo na direção errada. Os índices mais altos foram registrados em Goiás (68%) e São Paulo (67%).
A insatisfação com o governo também se reflete nas expectativas para os próximos dois anos de mandato. Em todos os estados, ao menos 78% dos entrevistados querem mudanças na forma como Lula governa. O Paraná (87%) e o Rio Grande do Sul (88%) registraram os maiores percentuais de insatisfação com a atual gestão.
A pesquisa foi realizada presencialmente entre os dias 19 e 23 de fevereiro, com brasileiros de 16 anos ou mais. O levantamento abrangeu os oito estados mais populosos do país, que representam 62% do eleitorado nacional. A coleta dos dados foi feita por meio de entrevistas presenciais, com aplicação de questionários estruturados. A margem de erro varia entre 2 e 3 pontos percentuais, a depender do estado, e o nível de confiança é de 95%.
Diante do cenário adverso, o governo tem adotado medidas para tentar recuperar apoio popular. O Palácio do Planalto anunciou a liberação do saque do FGTS para trabalhadores demitidos desde 2020 que haviam optado pelo saque-aniversário e estavam com valores bloqueados.
Além disso, o presidente Lula fez um pronunciamento em rede nacional de TV nesta semanada para divulgar a liberação dos valores do Pé-de-Meia, programa de incentivo financeiro para estudantes, e a ampliação do atendimento no Farmácia Popular. No campo político, o governo também busca fortalecer sua base no Congresso com uma reforma ministerial para acomodar partidos do Centrão.