Brasil

SP decreta fase vermelha; saiba o que deve funcionar

Quarentena foi debatida nesta terça com gestores municipais, que abraçaram a ideia; só serviços essenciais devem funcionar pelos próximos 15 dias

Parentes de pacientes internados ou em atendimento domiciliar, em sua maioria portadores da doença coronavírus (COVID-19) (Bruno Kelly/Reuters)

Parentes de pacientes internados ou em atendimento domiciliar, em sua maioria portadores da doença coronavírus (COVID-19) (Bruno Kelly/Reuters)

CA

Carla Aranha

Publicado em 3 de março de 2021 às 09h17.

Última atualização em 4 de março de 2021 às 13h45.

Diante do colapso na saúde em cidades do interior de São Paulo, como Araraquara, Campinas e Bauru, o governador João Doria (PSDB) anunciou nesta quarta-feira, dia 3, a fase vermelha, a quarentena mais restrita, para todo o estado. A princípio, a ideia é que o fechamento da economia dure duas semanas.

Doria discutiu a necessidade de medidas mais duras na terça-feira, dia 2, em uma reunião virtual com 616 prefeitos. Patrica Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico do governo paulista, João Gabbardo, chefe do centro de combate ao  coronavírus em São Paulo e Marco Vignoli, secretário de Desenvolvimento Regional, também participaram. 

Segundo relatos dos prefeitos, Gabbardo afirmou que, caso não sejam tomadas medidas mais duras, em 11 dias o sistema hospitalar do estado pode entrar em colapso, em vista do que já ocorreu no Rio Grande Sul, Santa Catarina, Paraná e outras 16 unidades da federação, onde a taxa de ocupação de leitos de UTI já passou de 90% e, nos casos mais críticos, bateu a marca dos 100%. No estado de São Paulo, a ocupação de leitos de UTI está em 75%, mas alguns hospitais já atingiram a capacidade total.

"A intenção é evitar um cenário parecido com o de Manaus, com falta de insumos e hospitais sem condição de atender novos pacientes nas unidades de terapia intensiva", diz Luiz Fernando Machado (PSDB), prefeito de Jundiaí. Machado abriu a reunião na tarde de terça e foi escolhido para explicar, durante o encontro com os gestores municipais, por que considera a quarentena uma medida essencial neste momento. "Queremos evitar um caos na saúde no estado", afirma.

Com o aval dos municípios, só os serviços considerados essenciais, como supermercados, farmácias e postos de gasolina, devem funcionar nos próximos 15 dias. Shoppings e lojas de rua fecham. "Com os hospitais operando no limite e o aumento no número de casos da Covid-19, praticamente todos os gestores municipais defendem uma ampliação das restrições", diz Orlando Morando (PMDB), prefeito de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

Desde o início do ano, a comunidade científica vem alertando sobre a necessidade de medidas mais duras para conter o avanço da contaminação pelo coronavírus no país. Nesta terça, o número de mortos pela covid chegou a 1.726, um recorde.

A nova variante, que surgiu em Manaus, é um dos maiores motivos de preocupação. "Hoje, estamos entrando de cabeça no sistema no colapso de saúde pelo atraso na vacinação e da demora em adotar lockdowns", disse o doutor em microbiologia e divulgador científico, Atila Iamarino. 

Em Porto Alegre, o hospital particular Moinho dos Ventos, que já atingiu sua capacidade de máxima de atendimento na UTI, decidiu comprar um contêiner para colocar os mortos -- o necrotério está lotado. O Rio Grande do Sul não tem mais vagas de UTI disponíveis. Mais de 2.820 portadores do coronavírus estão internados em 2.818 leitos, incluindo hospitais públicos e privados.

Os centros de saúde da capital paulista também estão chegando no limite máximo de ocupação. Hospitais particulares como o Einstein e Oswaldo Cruz já não tem mais vagas de UTI. O Sírio Libanês se encontra perto da lotação máxima. Entre os centros de saúde públicos, a Santa Casa e o Emílio Ribas, considerado uma referência no tratamento de doenças infecciosas, também alcançaram 100% da ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva. "A situação é muito preocupante em várias cidades", diz Machado.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEstado de São PauloHospitaisJoão Doria JúniorJundiaí (SP)São Bernardo do Campo (SP)sao-pauloSaúde

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas