Brasil

SP anuncia teste em massa para pacientes com sintomas leves da covid-19

Estratégia do governo contra o novo coronavírus é fazer 1,3 milhão de testes RT-PCR e 2 milhões de testes rápidos nos próximos três meses

Teste rápido: promessa é que resultado saia em 15 minutos para pacientes com sintomas leves da covid-19 (Luis Alvarenga/Getty Images)

Teste rápido: promessa é que resultado saia em 15 minutos para pacientes com sintomas leves da covid-19 (Luis Alvarenga/Getty Images)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 15 de maio de 2020 às 16h51.

Última atualização em 15 de maio de 2020 às 16h53.

O governo de São Paulo começa, a partir da segunda-feira, 18, a testar as pessoas com sintomas leves de coronavírus com o exame RT-PCR, que identifica o material genético do vírus. Até então, somente as pessoas internadas no estado ou profissionais de saúde eram testados.

Essa nova testagem faz parte da segunda etapa prevista pelo governo paulista para aumentar o número de testes em todo o estado. Os municípios do estado vão receber as normas técnicas para aplicação dos testes de RT-PCR a partir de segunda-feira, 18.

“A segunda fase compreende a ampliação dos testes de RT-PCR em um primeiro momento, para os contatos dos pacientes graves e, em um segundo momento, a ampliação para os pacientes sintomáticos leves", explicou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan e coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo.

"Na segunda-feira, os municípios vão receber a norma técnica já iniciando a testagem dos pacientes leves. Esses pacientes não estavam sendo atendidos até então porque existe a recomendação de que eles fiquem em casa. Agora vai ter uma sistemática de que esses pacientes vão ser atendidos”, disse.

A estimativa é que o estado realize 1,3 milhão de testes RT-PCR e 2 milhões de testes rápidos nos próximos três meses. Com isso, disse Dimas Covas, o estado terá realizado 27 mil testes por milhão de habitantes, atingindo níveis de testagem registrados em países europeus, como Itália e Espanha.

Todos os países que tiveram sucesso em conter as ondas da doença o fizeram por meio de estratégias de testagem ampla seguida de rastreamento e isolamento daqueles que tiveram contato com o infectado, como mostra a última reportagem de capa da EXAME.

O teste rápido, contudo, precisa de cautela, já que a maioria possui sensibilidade e especificidade muito reduzida, o que pode gerar um resultado falso negativo. O Ministério da Saúde aponta que os testes rápidos apresentam uma taxa de erro de 75% para resultados negativos.

Nesta sexta-feira, 15, o governo já começou a testar agentes da segurança pública do estado, mas com exames rápidos. Segundo Dimas Covas, serão testados 35 mil policiais militares, civis e técnico-científicos e as famílias desses policiais, em um total de 145 mil exames.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), essa primeira etapa de testagem rápida dos agentes de segurança será realizada entre os dias 15 e 29 de maio e atenderá os policiais que atuam ou moram na capital.

Os exames serão realizados por alunos e professores, todos voluntários, das cinco Escolas Técnicas Estaduais do Centro Paula Souza que oferecem o curso técnico de Enfermagem na capital paulista. O teste rápido identifica, em cerca de 15 minutos, a presença de anticorpos do vírus no sangue das pessoas.

Segundo o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, o estado já totalizou 70 mil testes para diagnóstico de coronavírus. São Paulo tem, até este momento, 58.247 casos confirmados de coronavírus, com 4.501 óbitos.

O incremento do número de casos confirmados registrado nas últimas 24 horas no estado foi de 3.961, um total de 7% a mais em relação ao dia anterior. “Foi o maior incremento no número de casos que tivemos até então”, falou Germann.

O estado tem ainda 3.904 pessoas internadas em unidades de terapia intensiva (UTI) e 6.205 em enfermarias. A taxa de ocupação de leitos de UTI no estado está em 68,8%, enquanto na Grande São Paulo é 84,4%.

Fases da testagem

O aumento da testagem na população paulista foi dividida em fases. Na primeira delas serão feitos cerca de 1 milhão de exames rápidos.

Nessa primeira fase, além dos policiais, serão também testadas, independentemente de terem tido contato com pessoas infectadas, os profissionais das áreas de saúde e de segurança pública, a população privada de liberdade, os doadores de sangue e pessoas que vivem em asilos e casas de repousos, além dos menores da Fundação Casa e pessoas que vivem em orfanatos.

Na segunda fase, serão testados os familiares de pacientes internados. Já na terceira fase serão testados os assintomáticos, que serão identificados pela Vigilância Epidemiológica.

Para aumentar o nível de testagem no estado paulista, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou hoje a compra de 2 milhões de testes rápidos para diagnóstico do novo coronavírus. Segundo ele, esses testes já estarão disponibilizados ao Instituto Butantan a partir deste sábado, 16, com investimento total de R$ 114 milhões.

Lockdown

O governador João Doria, voltou a dizer hoje que tem um protocolo já preparado de lockdown no estado, para ser aplicado caso seja necessário. “O protocolo existe, está pronto. Mas neste momento ele não será aplicado. Se houver necessidade, aplicaremos”.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusJoão Doria Júniorsao-paulo

Mais de Brasil

Assassinato de delator do PCC é 'competência do estado', afirma Lewandowski

Alesp aprova proibição de celulares em escolas públicas e privadas de SP

Geração está aprendendo menos por causa do celular, diz autora do PL que proíbe aparelhos em escolas

Após cinco anos, Brasil recupera certificado de eliminação do sarampo