Protestos no Ceará: policiais fizeram manifestação no Estado (WELLINGTON MACEDO/Estadão Conteúdo)
Agência O Globo
Publicado em 21 de fevereiro de 2020 às 15h44.
São Paulo — O Solidariedade decidiu expulsar o vereador Sargento Ailton, da cidade de Sobral, no Ceará, após tê-lo identificado como um dos líderes do motim de policiais militares no qual o senador Cid Gomes (PDT-CE) foi baleado, na quarta-feira. A decisão foi tomada em conjunto pelo presidente nacional da sigla, Paulinho da Força, e o presidente estadual no Ceará, deputado Genecias Noronha.
Cid Gomes foi atingido com dois tiros ao tentar furar um bloqueio de policiais amotinados no 3º Batalhão com uma retroescavadeira, em Sobral. Ele foi levado ao hospital e, um dia depois, deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Coração de Sobral. O senador anunciou em suas redes sociais que, por questões familiares, será transferido para Fortaleza.
"Não compactuamos com ações que violentem e agridem a democracia. O Solidariedade mantem sólidas bases democráticas e não permite que seus filiados tomem frente de ações que podem prejudicar a população. É inadmissível que um membro de nosso partido participe de ações que obriguem comerciantes fecharem suas portas e que acabe em um senador da República baleado", informou o partido nesta sexta-feira.
A nota do Solidariedade se refere à ação tomada pelos policiais nesta semana. Grupos encapuzados atacaram batalhões da Polícia Militar, tendo como alvo carros da corporação. Os pneus dos veículos foram furados e, em outros casos, os próprios carros foram levados das sedes. Também em Sobral, policiais ordenaram que comerciantes fechassem as portas no centro da cidade.
O partido de Paulinho da Força informou também que "não trabalhamos com militância do terror que causam a depredação do patrimônio de pessoas e não podemos aceitar que policiais e agentes públicos, encapuzados e armados como milicianos, levem o terrorismo às ruas".
Sargento Ailton participa de grupos de direita e tem, em suas redes sociais, fotos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Após Cid Gomes ter deixado o 3º Batalhão, Ailton publicou um vídeo em seu Facebook no qual dizia que o senador "atentou contra a vida de vários profissionais".
— Se não houvesse um revide para cima, ele (Cid) teria matado duas, três, quatro pessoas ou mais. Destempero total. Parece que estava sob a influência de alto, para ter agido daquela forma. E os demais nos ameaçaram de morte, foi uma situação triste — disse o vereador.