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Sobrevivência política de Temer depende do Congresso

Para uma saída de Temer do poder, a poderosa base aliada no Congresso – ou ao menos parte dela – precisaria lhe dar as costas

Michel Temer: o presidente enfrenta agora oito solicitações de impeachment apresentadas no Congresso (Ueslei Marcelino/Reuters)

Michel Temer: o presidente enfrenta agora oito solicitações de impeachment apresentadas no Congresso (Ueslei Marcelino/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de maio de 2017 às 11h26.

O presidente Michel Temer espera salvar, nesta sexta-feira, a sua presidência persuadindo um Congresso infestado pela corrupção para que o apoie, apesar dos pedidos para que deixe o poder, em meio a um novo e explosivo escândalo no país.

Seu gabinete informou que Temer se encontrará com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e com os comandantes militares.

Esta agenda parece ter sido montada para destacar que o presidente continua mantendo sua autoridade.

Na quinta-feira, Temer rechaçou enfaticamente a possibilidade de renunciar depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de um inquérito contra ele.

O chefe de Estado é acusado de ter dado seu aval ao pagamento de propina para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, que está preso acusado de ter aceitado milhões de dólares em subornos.

Temer enfrenta agora oito solicitações de impeachment apresentadas no Congresso e uma dura batalha para manter sua base aliada unida.

Na quinta-feira foram registrados protestos de milhares de pessoas no Rio de Janeiro e em Brasília pedindo a renúncia do presidente, que terminaram em confrontos com a polícia, e mais manifestações estão previstas para esta semana.

O STF, encarregado de julgar políticos que estão exercendo suas funções, raramente toma decisões rápidas sobre as investigações e suspeita-se de que muitas vezes demore a analisar os casos que tem em mãos.

Desta maneira, o cenário deixa o procedimento do julgamento político como a via mais provável para retirar Temer do poder.

Entretanto, para que isso ocorra, a poderosa base aliada de Temer no Congresso, ou ao menos uma parte dela, deveria lhe dar as costas.

"Por isso, a primeira questão é saber se os partidos que formam a base do governo deixarão ou não o governo", disse à AFP Thomaz Pereira, professor de Direito Constitucional na Fundação Getúlio Vargas.

Temer tentará estancar a sangria, especialmente com os principais aliados do PMDB e do PSDB.

O escândalo explodiu quando o jornalista Lauro Jardim, do Jornal O Globo, revelou na quarta-feira que Temer havia sido gravado secretamente enquanto conversava com Joesley Batista, um executivo da gigante alimentícia JBS.

Na gravação, divulgada na quinta-feira, Batista disse a Temer que todos os meses dava o dinheiro a Cunha para que tudo ficasse sob controle, e a isso Temer respondeu: "tem que manter isso, viu?".

Mas em seu pronunciamento de quinta-feira, o presidente disse com fúria: "jamais comprei o silêncio de ninguém".

Por conta deste novo escândalo, os investidores que estavam apostando nas medidas de austeridade propostas por Temer observam inquietos como será o comportamento do mercado nesta sexta-feira.

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