O ex-presidente Jair Bolsonaro conversa com a imprensa após receber um dispositivo de monitoramento eletrônico em Brasília, em 18 de julho de 2025 (EVARISTO SA / AFP)
Agência de notícias
Publicado em 22 de julho de 2025 às 10h50.
Poucas horas após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar que sua defesa explique o descumprimento de medidas cautelares durante visita ao Congresso, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cancelou compromissos com aliados na manhã desta terça-feira, 21.
Ele participaria de reuniões em comissões da Câmara dos Deputados, mas desistiu. Neste momento, segue em agenda na sede do PL.
As sessões previstas para hoje ocorrem nas comissões de Segurança Pública e de Relações Exteriores da Câmara, que devem votar moções de repúdio contra decisões recentes do STF envolvendo o ex-mandatário. A articulação tem como objetivo manter a projeção de Bolsonaro entre parlamentares da base bolsonarista e reforçar o discurso de perseguição por parte do Judiciário.
Durante encontro com deputados na segunda-feira, Bolsonaro insistiu para que a proposta de anistia seja tratada como prioridade. O projeto prevê o perdão a condenados e investigados pelos ataques de 8 de janeiro e é apresentado por setores da oposição como um “gesto humanitário” diante do que consideram penas excessivas. A proposta, no entanto, enfrenta forte resistência tanto no Congresso quanto no governo, que veem risco de enfraquecimento da responsabilização pelos atos golpistas.
O ex-presidente também voltou a estimular a apresentação de novos pedidos de impeachment contra ministros do STF, com foco principal em Moraes. Mesmo sem ambiente político para o avanço das iniciativas, aliados avaliam que o gesto tem valor simbólico, serve para manter a mobilização da base nas redes sociais e sustenta a tensão entre os Poderes.
A avaliação entre parlamentares próximos é de que Bolsonaro pretende capitalizar politicamente as restrições impostas pelo Judiciário, reforçando sua narrativa de vítima para mobilizar a militância.
Na visita ao Congresso, ele exibiu a tornozeleira eletrônica e criticou as determinações de Moraes. Poucas horas depois, o ministro determinou que a defesa se manifeste sobre possível violação das medidas cautelares, apontando que Bolsonaro pode ter burlado as restrições ao usar redes sociais de forma indireta durante a passagem pela Câmara.
No despacho, Moraes advertiu que, caso não haja justificativa adequada, poderá decretar a prisão imediata do ex-presidente.