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Sob pressão mundial, Bolsonaro convoca ministros para tratar da Amazônia

Mobilização do presidente acontece em meio ao aumento da pressão internacional por causa do aumento das queimadas na região amazônica

Bolsonaro: presidente vai reunir ministros para debater questão das queimadas na Amazônia (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Bolsonaro: presidente vai reunir ministros para debater questão das queimadas na Amazônia (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

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Reuters

Publicado em 23 de agosto de 2019 às 08h46.

Última atualização em 23 de agosto de 2019 às 08h54.

São Paulo — O presidente Jair Bolsonaro editou decreto na noite de quinta-feira determinando que todos os ministros façam levantamentos sobre os incêndios na Amazônia e adotem medidas para preservar a floresta, além de se reunir na tarde desta sexta com ministros para tratar do aumento nas queimadas, em meio ao aumento da pressão internacional sobre o assunto.

"Determino a todos os ministros de Estado que adotem, no âmbito de suas competências, medidas necessárias para o levantamento e o combate a focos de incêndio na região da Amazônia Legal para a preservação e a defesa da floresta amazônica, patrimônio nacional", determinou o presidente em despacho assinado na noite da véspera.

Bolsonaro também se reunirá às 15h desta sexta em Brasília com os ministros Fernando Azevedo (Defesa), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Jorge Antonio de Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência), além do secretário-executivo da Casa Civil, José Vicente Santini.

A mobilização de Bolsonaro acontece em meio ao aumento da pressão internacional por causa do aumento das queimadas na Amazônia, especialmente após o presidente da França, Emmanuel Macron, classificar o caso de "emergência internacional" e pedir que o assunto seja discutido na reunião do G7, no fim de semana, na França.

Bolsonaro rebateu o presidente francês, afirmando que ele manifesta uma "mentalidade colonialista" ao defender que a questão amazônica seja discutida em um encontro sem a presença de países que abrigam a floresta, mas afirmou estar aberto ao diálogo, "com base no respeito mútuo".

Além de Macron, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, também defendeu que o aumento das queimadas na Amazônia seja discutida na reunião do G7, grupo formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido.

"Não poderia concordar mais com Emmanuel Macron. Fizemos muito para proteger o meio ambiente ano passo no G7 em Charlevoix e precisamos continuar neste fim de semana. Precisamos agir pela Amazônia e agir pelo nosso planeta --nossos filhos e netos contam conosco", escreveu o líder canadense no Twitter.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, também manifestou preocupação com a Amazônia na mesma rede social.

"Se a floresta tropical está em chamas por semanas, isso não pode nos deixar indiferentes... A Alemanha está pronta para fornecer ajuda e apoio para combater o incêndio", escreveu.

Outras lideranças mundiais também se manifestaram, como o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, e o presidente do Chile, Sebastián Piñera, que disse ter conversado com Bolsonaro e com o presidente da Bolívia, Evo Morales, para oferecer no combate aos incêndios.

A situação levou o governo a lançar uma ofensiva diplomática para tentar mostrar ao mundo que defende a Amazônia e distribuiu uma circular de 12 páginas para todos os postos diplomáticos como subsídios para a defesa do governo.

Ameaça à soberania

A pressão internacional por causa do aumento das queimadas gerou reações de autoridades brasileiras. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente e que será em breve indicado para a embaixada do Brasil nos Estados, disse ter um "recado" a Macron ao retuitar um vídeo em que o presidente francês é chamado de "idiota".

O ex-comandante do Exército e assessor do Gabinete de Segurança Institucional, general Eduardo Villas Boas, disse que Macron usa o Exército francês para ameaçar o Brasil.

"Com uma clareza dificilmente vista, estamos assistindo a mais um país europeu, desta vez a França, por intermédio do seu presidente Macron, realizar ataques diretos à soberania brasileira, que inclui, objetivamente, ameaças de emprego do poder militar", escreveu no Twitter.

"A questão ultrapassa os limites do aceitável na dinâmica das relações internacionais. É hora do Brasil e dos brasileiros se posicionarem firmemente diante dessas ameaças, pois é o nosso futuro, como nação, que está em jogo."

Araújo também usou a rede social para rebater a pressão internacional sobre o Brasil na área ambiental.

"Por que o Brasil está sendo alvo de uma campanha internacional tão feroz e injusta no tema ambiental? Simples. Porque o governo do presidente Bolsonaro está reerguendo o Brasil. A 'crise ambiental' parece ser a última arma que resta no arsenal de mentiras da esquerda para abafar esse fato", afirmou.

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