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Sob Dilma, capacidade de investimento do Brasil caiu 55%

Crescente de investimentos atingidos durante o governo Lula foram perdidos; dados são da execução orçamentária

Presidente Dilma Rousseff concede entrevista em Brasília. 7/12/2015. REUTERS/Ueslei Marcelino (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Presidente Dilma Rousseff concede entrevista em Brasília. 7/12/2015. REUTERS/Ueslei Marcelino (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Raphael Martins

Raphael Martins

Publicado em 18 de janeiro de 2016 às 10h45.

Última atualização em 1 de agosto de 2017 às 16h12.

São Paulo – Em apenas três anos sob o governo Dilma Rousseff, o Brasil perdeu 55% da sua capacidade de investimento nas pastas federais. Os dados são da execução orçamentária do país, divulgado pelo Ministério do Planejamento, e foram corrigidos pela inflação do período.

Apesar de o montante de dinheiro repassado pelo governo federal às suas 53 pastas ter crescido 3,5% no comparativo entre 2012 e 2015, boa parte foi destinada a juros, encargos e amortização da dívida estatal, em especial com o agravamento da crise. Juntou-se a isso um crescimento considerável de "despesas correntes", que pouco foram reduzidas mesmo com a diminuição de recursos entre 2014 e 2015 por conta da recessão e queda de receitas tarifárias.

Para os investimentos foram destinados no ano passado R$ 37,5 bilhões, valor semelhante ao de 2006. Há 10 anos, sob a batuta de Luiz Inácio Lula da Silva, o país dispunha de R$ 33 bilhões para melhorias.

Ao longo do mandato, porém, Lula conseguiu elevar receitas e entregar um país bem mais sólido para Dilma, favorecido pelo ciclo de valorização das commodities. Ao fim de 2010, cerca de R$ 75 bilhões foram destinados aos investimentos nas pastas governamentais.

O pico dessa série veio em 2012, quando o país chegou a despender R$ R$ 83,3 bilhões. Dali em diante, a queda foi vertiginosa, até chegar aos valores de 2015. Para o ano que vem, a previsão da Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) é manter essa mesma cifra.

PARA ONDE VAI O DINHEIRO?

Como os gastos com pessoal pouco variaram, a análise dos números do orçamento nos últimos 10 anos permite um norte sobre as prioridades dos governos petistas.

A pasta que mais foi alavancada de 2006 para cá foi o Ministério das Cidades, que chegou a crescer quase quatro vezes e meia no período.

Responsável por um dos principais programas do governo, o Minha Casa, Minha Vida, o ministério passou de um orçamento de R$ 6 bilhões ao pico de R$26 bilhões em 2013. Com a crise, a previsão para o ano que vem é de R$ 18 bilhões de verba, concretizando cortes.

Em seguida, vem os ministérios da Educação e Minas e Energia. A verba da "Pátria Educadora" subiu de R$ 41 bilhões para um pico de R$ 103 bilhões. A subida do valor acompanha a diminuição da taxa de juros para financiamento dos estudos universitários através do Fies, mas leva em conta outros gastos, como a manutenção de universidades federais.

O Ministério de Desenvolvimento Social, que tem o Bolsa Família entre suas atribuições, dobrou de tamanho: de R$ 37 bilhões para R$ 74 bilhões.

Os aumentos só foram possíveis graças à diminuição do gasto com Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal, que chegou a cair 40% entre 2006 a 2012. De R$ 641 bilhões, o governo passou a gastar R$ 371 bilhões.

Em dois anos, no entanto, o valor voltou a subir, atingindo um pico de R$ 685 bilhões. O aumento coincide com o momento de queda dos investimentos federais.

A preocupação fica com a Previdência. Mesmo em momentos de dificuldades financeiras do país, os gastos com aposentadorias seguem crescendo. Tanto que Dilma já declarou que sua prioridade em 2016 será pensar uma reforma do sistema para que se mantenha sustentável.

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