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Sob ataques de Bolsonaro, governadores de Sul e Sudeste discutem pandemia

Reunião sobre coronavírus acontece em meio a embates com o presidente Jair Bolsonaro, que chamou os governadores de “exterminadores” de empregos

Aeroporto do Galeão: Witzel tentou impedir voos no estado do RJ, mas foi barrado pela Infraero (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Aeroporto do Galeão: Witzel tentou impedir voos no estado do RJ, mas foi barrado pela Infraero (Fernando Frazão/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2020 às 06h03.

Última atualização em 23 de março de 2020 às 07h12.

Contra o coronavírus, governadores tentarão se unir para um plano de ação. Os mandatários dos estados do Sul e do Sudeste participam nesta segunda-feira, 23, de uma reunião virtual para discutir medidas contra os impactos do vírus nas áreas de logística, transportes e saúde da região.

A reunião também acontece em meio a embates entre os chefes de estados e o presidente Jair Bolsonaro, que neste domingo, 22, os chamou de “exterminadores” de empregos, em função das medidas de isolamento adotadas em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Piauí e Distrito Federal.

Na semana, o presidente já havia chamado o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de “lunático”. O governador respondeu ao presidente via Twitter: “Lidere seu país, presidente. Faça seu papel. Os governadores do Brasil estão fazendo o seu.” Também nesta segunda-feira, Doria se reunirá com um conselho de crise com 100 empresários que atuam no estado. Eles irão discutir a possibilidade de doações para o sistema de saúde.

Outro alvo de críticas de Bolsonaro é o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que baixou um decreto suspendendo o transporte interestadual e aéreo no Rio. Bolsonaro esclareceu que tal decisão só poderia ser tomada pelo governo federal e manteve a normalidade dos serviços.

Neste domingo, a estatal Infraero, que administra 47 aeroportos brasileiros, divulgou nota reafirmando que todos os locais sob sua administração, entre eles o Santos Dumont e o Galeão, no Rio de Janeiro, e o de Congonhas, em São Paulo, seguem funcionando normalmente. Disse ainda que segue as determinações do Ministério da Saúde e da Anvisa.

Outros estados, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ceará e Sergipe, também vêm adotando medidas de isolamento. Aulas foram canceladas serviços não-essenciais obrigados a fechar, como parte do comércio.

Segundo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde no fim da tarde deste domingo, o número de casos novos de coronavírus no Brasil subiu 39% em um dia. Já são 25 mortos. Todos os estados já têm pelo menos um dos 1.546 confirmados em todo o país.

A experiência internacional mostra que a conduta de isolamento social que tem sido adotada pelos governadores é uma forma eficiente de prolongar o período de contaminação para preservar o sistema de saúde. Sem isso, não é possível tratar todos que necessitam de internação, devido ao alto nível de contágio da Covid-19, e o número de mortos pode ser maior.

Apesar de um baque econômico ser inevitável no curto prazo, o cenário exige cuidados redobrados para se evitar uma tragédia humana.

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