Brasil

Só 2,5% dos paulistanos vivem em áreas 100% urbanizadas

A maioria dos domicílios com índice de urbanismo máximo está no centro expandido ou em bairros nobres, segundo pesquisa

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2013 às 07h50.

São Paulo - Edilson Damasceno e Antônio Pimentel de Souza moram a poucos metros um do outro, na Vila Andrade, zona sul de São Paulo. Mesmo assim, vivem em cidades completamente distintas.

O gerente de tecnologia da informação Edilson vive em um condomínio de luxo da Rua José Ramon Urtiza, uma via asfaltada, limpa, arborizada e sinalizada. Já o carpinteiro aposentado Antônio mora no fim de um beco de uma favela às margens da Avenida Carlos Caldeira Filho. Sua casa fica ao lado de uma vala de esgoto a céu aberto.

"Realmente não tenho reclamações, esse é um lugar bastante agradável", elogia Damasceno, que comprou o apartamento na Vila Andrade há sete anos. Souza mora há mais de 30 anos no bairro. "O córrego transborda sempre que chove."

A diferença aparece nos números. O Estadão Dados compilou dez indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para calcular o índice de urbanismo para cada um dos 19,6 mil setores nos quais a capital paulista é dividida no Censo.

Esse cálculo mostra que só 2,5% dos paulistanos (284 mil) vivem em locais com índice de urbanismo total.

A maioria dos domicílios com índice de urbanismo máximo está no centro expandido ou em bairros nobres. O melhor distrito é a Consolação, onde a nota média é 97. Em seguida vêm outros bairros de urbanização antiga, como Jardim Paulista, República, Santa Cecília e Bela Vista, com índice maior que 90.

"O sudoeste é a área mais favorecida. Índice de Desenvolvimento Humano, taxa de emprego, qualidade das escolas e outros indicadores também são melhores na região", comenta Valter Luís Caldana Junior, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie.


Morador da Consolação desde 1985, o advogado José Paulo da Rocha Brito confirma: "Em relação a São Paulo, esse bairro é ótimo". Na outra ponta da tabela estão os extremos do município, como Marsilac (23) e Parelheiros (46). A Vila Andrade, distrito conhecido por ser um dos principais símbolos da desigualdade de renda, tem nota 54.

A qualidade varia em um mesmo bairro. O Grajaú, na zona sul, tem média de 63. Mas no quarteirão entre as Ruas Alziro Pinheiro Magalhães e São Caetano do Sul a nota é 87. "É muito difícil ver lixo na rua. E a iluminação também é suficiente", elogia a operadora de telemarketing e moradora do local, Cristiane Gonçalves, de 33 anos.

A alguns metros dali, no Sítio Reimberg, em uma área de manancial sem saneamento, água e fornecimento oficial de energia, a taxa é de 7. "Falta tudo, mas não tenho nenhuma vontade de me mudar. Gosto do clima de interior", diz o motorista de ônibus Luís Carlos Bispo.

"Há de 1 a 2 milhões de pessoas vivendo em áreas de mananciais na zona sul, o que é grave, pois são áreas que devem ser preservadas. A taxa de urbanismo nesse locais é e deve continuar baixa", diz Marly Namur, urbanista e professora da Universidade de São Paulo (USP).

Na Vila Jacuí, na zona leste, há outro fenômeno interessante: setores com urbanismo máximo em bairros de menor renda. É o caso da Praça Fortunato da Silveira, o Morumbizinho. A referência ao bairro de classe média alta justifica-se: as ruas são bem asfaltadas e iluminadas.

"Essas discrepâncias entre lugares tão próximos são comuns. São Paulo é uma colcha de retalhos do ponto de vista do desenho urbano", diz Caldana.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasMetrópoles globaissao-pauloUrbanismo

Mais de Brasil

'Tentativa de qualquer atentado contra Estado de Direito já é crime consumado', diz Gilmar Mendes

Entenda o que é indiciamento, como o feito contra Bolsonaro e aliados

Moraes decide manter delação de Mauro Cid após depoimento no STF

Imprensa internacional repercute indiciamento de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe