Repórter
Publicado em 30 de setembro de 2025 às 11h13.
Última atualização em 30 de setembro de 2025 às 12h01.
O Ministério da Saúde identificou 17 casos de intoxicação por metanol desde agosto em todo o país. A informação foi confirmada pelo ministro Alexandre Padilha durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, 30.
Segundo o ministro, a pasta contabilizava, em média, cerca de 20 ocorrências anuais no Brasil nos últimos anos.
Desde setembro, o órgão identificou um aumento expressivo no número de intoxicações pela substância, todas concentradas no estado de São Paulo.
Até o momento, apenas em setembro, 10 casos já foram confirmados. Três pessoas morreram em decorrência da contaminação.
"A situação é anormal, diferente de tudo que temos na nossa série histórica referente a intoxicação de metanol no país", afirmou o ministro.
Padilha reforçou que além do crescimento no número de ocorrências confirmadas, os profissionais de saúde também passaram a identificar padrões diferentes dos usuais.
De acordo com o Ministério, geralmente os registros estavam concentrados em pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social que buscavam o metanol em postos de combustíveis para a ingestão de álcool.
Desde o crescimento das notificações, os episódios passaram a acontecer com pessoas que ingeriram bebidas alcoólicas em bares e restaurantes.
A Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Mariângela Batista Galvão Simão, informou que já foram confirmados seis registros na capital paulista, além de cinco casos que estão em investigação. São Bernardo do Campo investiga dois casos, enquanto Itapecerica da Serra e Limeira investigam um caso em cada município.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse que a Polícia Federal (PF) abriu um inquérito na segunda-feira, 29, para apurar os casos e a procedência das bebidas, que variam entre gin, whisky, vodka, entre outras.
"Tudo indica que há uma distribuição para além do estado de São Paulo", afirmou o ministro.
Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, disse que há uma possível conexão com investigações recentes realizadas pela corporação nos estados do Paraná e São Paulo. Segundo Rodrigues, a PF investiga a procedência dos produtos e a rede de distribuição.
"Trabalharemos de maneira integrada. Esse é o caminho que vamos buscar nessa investigação", disse o diretor-geral.
Alexandre Padilha listou alguns dos sintomas e orientações para a população se manter atenta. O primeiro sinal que acende um alerta para uma possível intoxicação seria uma intensa dor de cólica após a ingestão de bebidas alcoólicas. O ministro reforçou que a sensação vai além de uma queimação e sensação de mal-estar causados por embriaguez.
Outro sintoma é qualquer percepção de alteração visual. Segundo Padilha, após o metanol ser digerido pelo estômago, a substância é absorvida e metabolizada pelo fígado, quando libera substâncias como o formaldeído diretamente ao sistema nervoso central, levando a uma alteração da visão pelo nervo ótico.
Para evitar a contaminação, o ministro afirmou que é necessário ficar atento aos estabelecimentos que vendem bebidas e evitar consumir produtos alcoólicos sem saber a procedência.