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Sistema da Odebrecht mostra compra do terreno do Instituto Lula

Os documentos comprovam as declarações de Marcelo Odebrecht de que combinou com Okamotto e Bumlai a compra do terreno

Instituto Lula: de acordo com as investigações, os repasses para "Belluga" se referem a todas as transações envolvendo o Instituto Lula (Marcelo Machado de Melo/Reuters)

Instituto Lula: de acordo com as investigações, os repasses para "Belluga" se referem a todas as transações envolvendo o Instituto Lula (Marcelo Machado de Melo/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de fevereiro de 2018 às 09h34.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2018 às 09h43.

São Paulo - A perícia do sistema de propina da Odebrecht identificou os pagamentos da empreiteira, no Brasil e no exterior, para a compra do terreno do Instituto Lula.

Os documentos comprovam as declarações do empresário Marcelo Odebrecht que, em delação premiada, afirmou ter combinado com o presidente do Instituto, Paulo Okamotto, e o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a compra do terreno.

Nesta semana, a defesa de Marcelo Odebrecht apresentou ao juiz Sérgio Moro 21 trocas de e-mails que mostram como a empreiteira organizou os pagamentos.

Num dos e-mails, o ex-diretor da Odebrecht Realizações Imobiliárias Paulo Melo pede que executivos do "setor de propinas" programem três pagamentos de R$ 1,057 milhão. São os mesmos valores que aparecem na planilha Italiano relacionados à "Prédio IL".

De acordo com as investigações da Lava Jato, "Italiano" é o ex-ministro petista Antonio Palocci, que já confessou em depoimento ter gerenciado propinas ligadas ao PT.

A perícia encontrou, na contabilidade do sistema Drousys, usado pela Odebrecht para controlar as remessas ilegais, pagamentos para o condinome "Belluga".

De acordo com as investigações, os repasses para "Belluga" se referem a todas as transações envolvendo o Instituto Lula. A perícia afirma que os pagamentos tiveram como beneficiários as offshores Beluga Holdings LTD, Jaumont Services Limited e a DAG Construtora.

Moro deu prazo de 15 dias para a defesa de Lula e para o Ministério Público Federal analisarem os arquivos periciados.

Apartamento

Em um dos trechos do documento, anexado nesta sexta-feira, 23, pela Polícia Federal nas investigações de compra do terreno do instituto, a PF diz que há indícios de que parte dos repasses feitos à DAG teria tido como destino final o empresário Glaucos da Costamarques. O valor total retirado da conta de propina sob o codinome seria de R$ 1,034 milhão e Glaucos dteria recebido R$ 800 mil por meio da DAG.

Glaucos é dono do imóvel alugado pelo ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo (SP). A locação é investigada na mesma ação em que foi anexada a perícia. De acordo com o Ministério Público Federal, que denunciou Lula e Glaucos pela prática do crime de lavagem de dinheiro, o apartamento foi adquirido para o ex-presidente e sua real propriedade foi dissimulada por meio de um contrato de aluguel. O imóvel, avaliado em R$ 504 mil, constituía parte do montante de R$ 800 mil provenientes da Odebrecht.

A defesa de Lula afirma que a cobertura usada pelo ex-presidente é alugada de Glaucos. O empresário, no entanto, disse em depoimento que nunca recebeu aluguel. Os defensores do ex-presidente dizem ainda que o instituto nunca usou o prédio comprado pela Odebrecht em nome da DAG.

"Lula jamais solicitou ou recebeu da Odebrecht ou de qualquer outra empresa imóvel destinado ao instituto, que funciona no mesmo local desde 1991." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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