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Sindicato usaria PCC para achacar caminhoneiros em SP

Segundo Gaeco, suposto sindicato de transportadores fizeram extorsões e ameaças contra caminhoneiros e empresários


	Caminhões carregados com grãos de soja em fila no porto de Santos
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Caminhões carregados com grãos de soja em fila no porto de Santos (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2014 às 22h01.

São Paulo - Integrantes de um suposto sindicato de transportadores fizeram extorsões e ameaças contra caminhoneiros e empresários, com tabelas de preços de fretes e exigência de comissões ou taxas, na Baixada Santista (SP).

A avaliação é do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Segundo a investigação, o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Containers do Litoral Paulista (Sindcon) é uma representação irregular e funciona, na verdade, como um "sindicato do crime", que usava até o nome do Primeiro Comando da Capital (PCC) para cobrar taxas inexistentes.

O caso foi revelado nesta segunda-feira, 16, pelo jornal Folha de S. Paulo. Um inquérito resultou na denúncia em 2011 do ex-vereador do Guarujá José Nilton de Oliveira (PP) e de outros seis diretores da entidade.

Os promotores apresentaram boletins de ocorrência, que relatam que os acusados teriam promovido "atos de vandalismo e violência, paralisações de vias públicas, intimidações de opositores e até incêndio de caminhões".

Apesar do pedido de prisão preventiva dos acusados, o caso agora está no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O ministro Rogério Schietti, do STJ, recebeu ontem informações da 3ª. Vara Criminal do Guarujá sobre o conflito de competência. Não há detalhes, porque a apuração segue em segredo de Justiça.

O sindicato de fachada estaria cometendo, segundo a Justiça Estadual, crimes contra a organização do trabalho e deveria ser julgado pela Justiça Federal.

Pela denúncia, o Sindcon constrangia os transportadores a se filiarem à entidade e a usarem o adesivo do sindicato. Quem não obedecesse, era ameaçado.

Para a Justiça, isso não representou apenas que o sindicato teve sua finalidade desvirtuada, mas que seus integrantes agiram pondo em risco normas de segurança portuária, "com tumultos frequentes e atos de violência contra caminhoneiros".

De acordo com o MPE, o sindicato tem ao menos 600 integrantes.

O Ministério Público Estadual se ateve na denúncia a crimes de furto, extorsão e formação de quadrilha, sem avançar nos crimes de competência federal.

A Justiça do Estado, porém, viu indícios de violação da ordem econômica, além de descumprimento de normas de regulação de transportes terrestres, o que levaria o caso para a Justiça Federal.

De acordo com a Secretaria de Patrimônio da União, os réus invadiram áreas da administração federal para a "exploração lucrativa de estacionamento de caminhões".

A reportagem não encontrou nem o vereador nem representantes do Sindcon para comentar as acusações.

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