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Sindicância sobre erro no IBGE deve durar 30 dias

Eventual punição aos responsáveis por erros sobre dados de desigualdade social no país divulgados na Pnad só deve acontecer no final das investigações


	Ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campelo: Erro é aprendizado
 (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campelo: Erro é aprendizado (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2014 às 11h34.

Brasília - O governo aproveitou o erro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com dados sociais para atacar os críticos. O posicionamento coube à ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, que fechou ontem uma coletiva de imprensa organizada sob ordens da presidente Dilma Rousseff para comentar a versão corrigida da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad). "É um aprendizado grande para o País, porque mostra que a avaliação de políticas públicas deve se focar em tendências. Todo mundo que se apegou a micro variações de 0,01 ponto para cima ou para baixo em um indicador, como o índice de Gini, errou também", disse Tereza Campello.

Já a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, após dizer que a presidente Dilma ficou "perplexa" com o erro, anunciou que poderão ser impostas medidas "funcionais" aos responsáveis, mas ressalvou que qualquer punição só ocorrerá ao final das investigações, que deverão durar, pelo menos, 30 dias. Apesar de a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, estar sendo "fritada" pelo Planalto, Miriam não quis anunciar sua provável saída e não quis falar em perda de sustentação política dela no cargo.

A ministra do Planejamento admitiu que o caso ganha contornos políticos sérios por conta do período eleitoral. Faltam apenas 15 dias para o primeiro turno. "Acho que o período eleitoral aumenta a amplitude das coisas", disse Miriam.

A ministra Tereza, ao fazer referência ao ponto mais popular da Pnad, o índice de Gini, explicou que esse indicador mede a desigualdade de renda domiciliar. Na versão original da Pnad 2013, divulgada na quinta-feira, o índice apresentou uma leve elevação da desigualdade no Brasil entre 2012 e 2013, quando o indicador passou de 0,496 para 0,498 (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade). Mas os dados estavam errados. No dia seguinte, sexta-feira, os dados verdadeiros indicaram pequena queda na desigualdade, para 0,495. "A tendência é de melhora da renda de todos os brasileiros. O Brasil continua melhorando apesar da crise internacional. Isso sim é importante", disse a ministra.

Pouco antes, Miriam Belchior havia afirmado que, ainda na quinta-feira, o IBGE começou a ser alertado de que os dados estavam incorretos. "Órgãos de dentro e de fora do governo fizeram pedidos de esclarecimentos ao IBGE ainda na quinta-feira, e aquilo alertou os técnicos de que havia problemas. Na manhã de sexta-feira, fui informada pela primeira vez que o IBGE estava apurando erros na Pnad. No fim da manhã, a presidente do IBGE voltou a me procurar, dessa vez com a certeza de que a Pnad estava errada e que o instituto já estava trabalhando com os dados corretos", disse Miriam. "O governo ficou chocado com esse erro gravíssimo do IBGE. A presidente Dilma ficou perplexa. O erro foi muito grave mesmo."

Sobre uma possível demissão da presidente do IBGE, a ministra do Planejamento foi evasiva: "Criamos duas comissões para averiguar os erros e atribuir responsabilidades. Não posso me antecipar".

Queda

Em sua apresentação para defender os novos dados revisados da Pnad, o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, assegurou que houve uma trajetória de queda das desigualdades, mas reconheceu que "não é uma queda espetacular". Para 2014, porém, ele anunciou que a desigualdade está mantendo queda, "como um relógio, de 0,01% ao mês". E prometeu ainda, sem apresentar dados, que em 2014 a redução da desigualdade "será a maior dos últimos dez anos".

Neri reagiu às críticas à credibilidade do IBGE, por conta da necessidade de correção dos dados. "O que arranha a credibilidade é não reconhecer os erros."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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