Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 14 de outubro de 2024 às 13h18.
Última atualização em 14 de outubro de 2024 às 16h04.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, criticou nesta segunda-feira, 14, o atual prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) e disse que 50% dos eventos de falta de energia na cidade de São Paulo foram causados por queda de árvores.
"Mais de 50% dos eventos foram causados por árvores caindo. Nós estamos levando esse ponto para uma discussão no governo federal. Municípios que não cumprem com sua responsabilidade têm que dar pelo menos a liberdade ao setor de distribuição para cuidar”, disse em entrevista coletiva.
Cerca de 72 horas após o forte temporal e ventos recordes que atingiram o estado, mais de 537 mil imóveis ainda estão sem luz. Na sexta-feira, mais de 2,1 milhões de residências foram afetadas.
Silveira também acusou Nunes de espalhar mentiras ao afirmar que o ministro estaria conversando com a Enel, a distribuidora responsável pela energia em São Paulo, para renovar o contrato.
“O prefeito de São Paulo aprendeu rápido com seu adversário Pablo Marçal. A Enel vence seu contrato em 2028. Nós não trabalhamos com narrativa, nós trabalhamos com fatos", afirmou.
A fala do ministro acontece em um momento de troca de acusações entre o governo federal, a administração estadual, comandada por Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a prefeitura de São Paulo.
O tema virou uma questão eleitoral, uma vez que Guilherme Boulos (PSOL), adversário de Nunes no segundo turno, e apoiado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reforçou as críticas à administração municipal e à Enel em meio ao apagão.
Silveira afirmou que a Enel terá três dias para resolver os problemas de fornecimento de energia na capital e na Grande São Paulo. O ministro criticou o fato de a empresa não ter estabelecido uma previsão para restabelecimento total da energia.
“Quando a Enel disse que não tinha previsão de entrega dos serviços à população, eu disse que ela cometeu um grave erro de comunicação, um grave erro de seu compromisso contratual com a sociedade de São Paulo de dar uma previsão objetiva. Disse para ela que tem os próximos três dias para resolver os problemas de maior volume. Nos próximos três dias, ela tem que restabelecer a parte mais substancial da energia do povo de São Paulo”, afirmou o ministro.
Durante a coletiva, Silveira anunciou que criou uma força-tarefa para auxiliar a Enel nos trabalhos de manutenção e ressaltou que as distribuidoras de energia serão penalizadas se não adotarem medidas para minimizar os efeitos de eventos climáticos extremos.
“Hoje os eventos climáticos severos são expurgados da avaliação contratual. No decreto de distribuição que o presidente Lula assinou e que o ministério elaborou depois de um ano de debate com a população e com o setor, esses eventos não poderão mais ser expurgados da avaliação das distribuidoras. Ou seja, as distribuidoras passarão a ser penalizadas caso não tenham uma previsão ou planejamento para evitar esse tipo de evento”, disse.
Neonergia, Energisa, CPFL e Light enviarão outros eletricistas e funcionários para ajudar no atendimento das ocorrências. Segundo o ministro, a Enel tinha 1.400 profissionais em campo e, com o apoio das demais empresas, vai chegar agora a 2.900 técnicos.