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Silval Barbosa cita reuniões para ajudar campanha de Pedro Taques

Em 2014, o ministro Blairo Maggi o teria chamado para conversar sobre a "necessidade de aproximação" com o Taques, pois ele teria "condições de se eleger"

Silval Barbosa: "Vencendo as eleições, Taques não iria vasculhar as contas das gestões anteriores" (Josiane Pettengill/Secom-MT/Fotos Públicas)

Silval Barbosa: "Vencendo as eleições, Taques não iria vasculhar as contas das gestões anteriores" (Josiane Pettengill/Secom-MT/Fotos Públicas)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de agosto de 2017 às 18h55.

Brasília e São Paulo - O ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa detalhou em um dos anexos de sua colaboração premiada uma série de reuniões, realizadas em 2014, cujo tema foi a suposta ajuda a campanha do atual governador Pedro Taques (PSDB).

Segundo o delator, em 2014, durante a campanha eleitoral, o ministro da Agricultura Blairo Maggi o chamou para uma conversa sobre a "necessidade de aproximação com o candidato Pedro Taques, pois ele teria condições de se eleger".

Maggi, diz Barbosa, teria explicado que se o delator não "investisse de forma maciça" na campanha de Ludio Cabral (PT), adversário de Taques na disputa, o tucano iria assumir "compromisso de não investigar o passado".

De acordo com o delator, Maggi teria dito a seguinte frase: "Que Pedro Taques não olharia pelo retrovisor".

"Posteriormente, houve outra reunião entre o colaborador e Mauro Mendes, sendo que nessa reunião Mauro falava em nome de Pedro Taques, sendo que Mauro pediu ao colaborador auxílio financeiro para a campanha de Pedro Taques no valor de R$ 20 milhões de reais, sendo que em contrapartida, vencendo as eleições, Pedro Taques não iria vasculhar as contas das gestões anteriores", diz o anexo da delação de Barbosa.

O repasse, afirmou o delator, não foi efetuado, mas a promessa de não investir de forma maciça na campanha de Lúdio Cabral foi cumprida.

Ainda segundo o ex-governador Silval Barbosa, outro pedido para que ele não investisse na campanha de Cabral teria sido feito pessoalmente por Taques em outra reunião realizada em 2014.

"Nessa reunião Pedro Taques pediu ao colaborador para não investir na campanha de Ludio, sendo que se o colaborador fizesse não investisse na campanha de Ludio ele (Pedro Taques) não iria ficar remexendo nos erros cometidos nas gestões anteriores", afirmou.

Defesas

Em nota, GCOM - Secretaria do Gabinete de Comunicação do Governo do Estado de Mato Grosso afirma:

"O governador Pedro Taques vem a público reiterar que não tem nenhuma relação com os fatos noticiados pela imprensa acerca da delação do ex-governador Silval Barbosa. Pedro Taques reafirma que foi e é adversário político do grupo do ex-governador, não fez nem autorizou ninguém a fazer acordo de qualquer natureza com Silval Barbosa, e atribui a citação do seu nome na delação como uma tentativa rasteira e desonesta dos seus inimigos, movida por vingança, de envolvê-lo nesse escândalo monstruoso que envergonha Mato Grosso perante a Nação.

Pedro Taques afirma, ainda, que a atuação dos órgãos de controle do Governo do Estado (como CGE e PGE) - desde 01 de janeiro de 2015, primeiro dia de seu governo - foram fundamentais na elucidação dos crimes cometidos pelos gestores que o antecederam, contribuindo para levar à prisão o ex-governador, sua esposa e um de seus filhos, entre outros".

O Governo do Estado de Mato Grosso vem a público esclarecer o que segue:

01 - O Governo do Estado não tem conhecimento sobre o teor da delação feita pelo ex-governador Silval Barbosa até a presente data.

02 - O governador Pedro Taques lembra que foi adversário do ex-governador nas duas eleições que disputou, sendo a primeira para senador, em 2010, e a segunda para governador, em 2014.

03 - O governador lembra ainda que possui vários adversários e desafetos na vida pública, inclusive políticos, entre os quais João Arcanjo Ribeiro, Hildebrando Pascoal, Silval Barbosa e José Geraldo Riva. E que nunca fez acordos com tais pessoas.

04 - Com um histórico de 15 anos atuando no Ministério Público Federal, Pedro Taques tem uma história de combate ao crime e aos criminosos. Como governador, seu primeiro decreto (001/2015) determinou a suspensão de pagamentos e auditagem de todos os contratos da gestão anterior. Talvez por essa razão o ex-governador atribua a Pedro Taques a responsabilidade pelas ações judiciais e operações policiais que levaram à prisão não apenas de Silval Barbosa, mas de sua esposa e um de seus filhos.

05 - Quanto às ilações sobre eventuais doações eleitorais irregulares, trata-se de mais uma leviandade criminosa daqueles que se utilizam do instrumento legal da Delação Premiada para fazer vingança pessoal ou comércio para atender interesses outros. Pedro Taques reafirma o que já disse em outras situações: sua prestação de contas relativa à campanha eleitoral de 2014 foi aprovada pela Justiça Eleitoral por unanimidade.

06 - O governador aguarda ter acesso à delação para conhecer eventuais acusações contra si para poder se manifestar.

Blairo Maggi

Em nota, o ministro Blairo Maggi afirma:

"Deixo claro, desde já, que causa estranheza e indignação que acordos de colaboração unilaterais coloquem em dúvida a credibilidade e a imagem de figuras públicas que tenham exercido com retidão cargos na administração pública. Mesmo assim, diante dos questionamentos, vimos a público prestar os seguintes esclarecimentos:

1. Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para agir de forma ilícita dentro das ações de Governo ou para obstruir a justiça. Jamais vou aceitar qualquer ação para que haja "mudanças de versões" em depoimentos de investigados. Tenho total interesse na apuração da verdade. Qualquer afirmação contrária a isso é mentirosa, leviana e criminosa.

2. Também não houve pagamentos feitos ou autorizados por mim, ao então secretário Eder Moraes, para acobertar qualquer ato. Por não ter ocorrido isto, Silva Barbosa mentiu ao afirmar que fiz tais pagamentos em dinheiro ao Eder Moraes.

3. Repudio ainda a afirmação de que comandei ou organizei esquemas criminosos em Mato Grosso. Jamais utilizei de meios ilícitos na minha vida pública ou nas minhas empresas.

4. Sempre respeitei o papel constitucional das Instituições e como governador, pautei a relação harmônica entre os poderes sobre os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional.

5. Por fim, entendo ser lamentável os ataques à minha reputação, mas recebo com tranquilidade a notícia da abertura de inquérito, pois será o momento oportuno para apresentação de defesa e, assim, restabelecer a verdade, pois definitivamente acredito na Justiça."

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