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Shopping Higienópolis, em SP, é acusado de racismo

Um artista plástico compartilhou nas redes sociais sua indignação ao ter o filho negro confundido com um mendigo

Shopping: o relato já conta com centenas de compartilhamentos (foto/Divulgação)

Shopping: o relato já conta com centenas de compartilhamentos (foto/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de junho de 2017 às 14h28.

Na última sexta-feira, 2, o artista plástico Enio Squeff passeava com seu filho no Shopping Pátio Higienópolis, no centro de São Paulo, quando passou por uma situação desagradável: seu filho foi confundido com um mendigo. A história foi relatada no Facebook e já conta com centenas de compartilhamentos.

"Nós dois estávamos tomando chá num restaurante, conversando, e meu filho estava com o uniforme do Sion [colégio que fica próximo ao shopping], portanto não estava mal vestido. Chegou uma segurança, uma senhora, dizendo: 'Senhor, este menino está te incomodando?'. Respondi que não, e perguntei o motivo. 'É porque temos ordens de não deixar mendigos importunarem os clientes', ela respondeu. Então eu disse: 'Você está chamando meu filho de mendigo por ser negro?'. Ela disse 'não', eu repeti e ela falou 'desculpa, essa são as ordens da casa, sou negra e tenho orgulho de ser negra'. Então eu falei: 'Se você tem orgulho de ser negra, não deve desculpas a mim, mas a sua família e a você, porque você está assumindo um racismo dos seus patrões, não sei em nome de quê", relatou ao E+.

Squeff disse, porém, que coloca a culpa no shopping. "Ela ficou pedindo desculpas, eu disse que não tinha desculpa e ela que se desculpasse a ela mesmo. Se fosse homem, iria à auditoria. Mas como ela era mulher, ela deveria ser arrimo de família. E pensei que o shopping iria mandá-la embora, como se não fosse o próprio a dar essa ordem, afinal, não é a primeira vez que o shopping Higienópolis age assim. Uma vez, um casal de amigos negros ingleses da minha mulher foi seguido o tempo todo por seguranças lá. Aí você tem uma dimensão da coisa. Num bairro judeu, formado por uma comunidade que sofreu todas as consequências do racismo" disse o pai.

Na hora, a atitude do filho foi se afastar. Depois, o menino perguntou o que havia acontecido, e o pai apenas falou que a segurança havia dito algo que ele não tinha gostado. Posteriormente, Squeff contou o caso para a mãe do filho, que resolveu transformar isso num caso público. "Ela queria uma retratação pública", disse.

Na segunda-feira, 5, o shopping entrou em contato com a mãe para pedir desculpas. "Uma moça disse que o shopping não dava esse tipo de orientação e pediu desculpas. Mas a mãe do meu filho respondeu que não aceitava essas desculpas por telefone, que queria desculpas formais", relembra.

Durante a conversa com a reportagem, Squeff reiterou diversas vezes que não quer que a funcionária seja demitida: "De jeito nenhum, tanto que não fui à auditoria, porque senti pena dela. Eu sabia que, cinicamente, a direção do shopping a mandaria embora, como eu acho que já devem ter feito. Eu não vou engrossar a fila de desempregados. Eu vi que ela estava cumprindo ordens".

Defesa

Procurada, a assessoria de imprensa do centro de compras enviou uma nota por e-mail em que diz "que o Shopping Pátio Higienópolis reforça que todos os frequentadores são sempre bem-vindos, sem qualquer distinção". A assessoria não quis informar, porém, se a segurança permanece no quadro de funcionários.

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