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Servidores da Saúde entram em greve no Rio

A assembleia geral ocorreu ontem (21), no Largo do Machado, e deflagrou a greve


	Médico: cada local de trabalho está fazendo assembleia para decidir sobre adesão à greve
 (Getty Images)

Médico: cada local de trabalho está fazendo assembleia para decidir sobre adesão à greve (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2014 às 19h17.

Rio de Janeiro - Os servidores estaduais da saúde do Rio de Janeiro entraram em greve hoje (21) por tempo indeterminado.

A assembleia geral ocorreu ontem (21), no Largo do Machado, e deflagrou a greve.

Os profissionais apontam que houve “recusa do governo em responder à pauta de reivindicações entregue pelos trabalhadores em setembro de 2013”, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sidsprev-RJ).

A pauta de reivindicações inclui: condições dignas de atendimento e trabalho; 100% de reajuste emergencial, devido aos 14 anos sem reposição salarial; incorporação de gratificações; fim do sucateamento dos hospitais e das privatizações feitas por meio "da entrega das unidades a grupos privados travestidos de organizações sociais, fundações e cooperativas", conforme o sindicato.

A diretora do Sindsprev, Denise Nascimento, explica que as mobilizações começaram no dia 28 de abril, com assembleias, atos e paralisações nos locais de trabalho. Ela aponta que a remuneração dos profissionais está muito defasa.

“O vencimento base, hoje, do nível superior da saúde estadual, é de R$208. O vencimento do nível médio e elementar é R$157,04. A gente tem uma gratificação muito irrisória, então a gente acaba tendo aí a remuneração total de um médico em torno de R$1.000, R$1.200. E nível médio e elementar na faixa do salário mínimo. E aí a gente tem um plano de carreiras e salários aprovado e o governo insiste em não pagar”, afirma.

Cada local de trabalho está fazendo a assembleia para decidir sobre a adesão à greve.

Segundo Denise, a paralisação não prejudica serviços essenciais, como o atendimento de emergência e a distribuição de medicamentos.

“É uma mobilização crescente, pois os servidores não aguentam mais esse arrocho”.

Os rumos do movimento serão debatidos amanhã (22), às 11h, em assembleia. Segundo a diretora sindical, o governo marcou para sexta-feira (23) uma reunião entre representantes dos trabalhadores com o secretário Estadual de Saúde, Marcos Esner Musafir.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), o órgão recebeu, no dia 7 de maio, a notificação de estado de greve e, desde então, os trabalhadores foram recebidos duas vezes por representantes das secretarias de Saúde e de Planejamento, bem como uma vez por representante da Secretaria de Estado da Casa Civil.

A SES alega que, por decisão judicial, não pode negociar com o Sindsprev, mas tem feito as reuniões com representantes do comando de greve formado pelos servidores da saúde.

A SES informa ainda que, até o momento, não houve alteração no atendimento à população em unidades estaduais de saúde.

“Todos os hospitais gerais, Institutos e UPAs funcionam normalmente nesta quarta-feira. Apenas no Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande, há 10 servidores em estado de greve”.

A secretaria também esclarece que o modelo de administração de unidades adotado desde 2012 tem o objetivo de “melhorar a gestão e oferecer cada vez mais atendimento de qualidade à população”. Ela descarta que se trate de privatização.

Os servidores federais da saúde no Rio de Janeiro também anunciaram que vão entrar em greve por tempo indeterminado, a partir de segunda-feira (26).

Eles reclamam do desrespeito à jornada de 30 horas semanais e da intenção de mudança na gestão dos hospitais federais, com a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), em 2011, empresa vinculada ao Ministério da Educação, que tem o objetivo de recuperar os hospitais vinculados às universidades federais.

Segundo o Sindsprev, o Instituto de Cardiologia de Laranjeiras e os hospitais federais Cardoso Fontes, dos servidores do Estado e Hospital Federal de Ipanema já aprovaram a adesão à paralisação.

Assembleias ainda serão feitas nos hospitais federais do Andaraí, de Bonsucesso e da Lagoa. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) já estava em greve e continua parado, enquanto no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) a greve deve atingir os médicos da unidade.

O núcleo do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro informa que a pasta mantém uma mesa permanente de negociação e só poderá avaliar a situação na segunda-feira, diante da adesão e dos impactos que a greve venha a provocar.

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