José Serra: “O PSDB não fará nenhum movimento agora no sentido de sair do governo”, disse Serra (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 12 de junho de 2017 às 21h13.
Última atualização em 12 de junho de 2017 às 21h47.
Brasília - As principiais lideranças do PSDB reunidas em encontro ampliado da Executiva Nacional do partido na noite desta segunda-feira decidiram manter a legenda no governo do presidente Michel Temer, disse o senador e ex-ministro José Serra (PSDB-SP).
Embora parte dos tucanos, principalmente os mais jovens, viessem defendendo o desembarque de um governo já desgastado pelas recentes denúncias a partir de delações e gravações entregues à Justiça por executivos da J&F, que controla a JBS, a maior parte dos integrantes da sigla considerou que um rompimento não faria sentido diante da negativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em cassar a chapa Dilma-Temer.
Venceu o discurso de que é necessário garantir a governabilidade e possibilitar a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência.
“O PSDB não fará nenhum movimento agora no sentido de sair do governo”, disse Serra a jornalistas ao deixar a sala onde os tucanos se reuniam, acrescentando que romper com o governo neste momento “seria um fator desestabilizante sem saber o que viria adiante.”
O tucano, no entanto, não descartou uma reavaliação desta posição no futuro, especialmente diante de possíveis fatos novos que atinjam Temer, que responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça.
“Se for o caso em um outro momento se analisa”, disse Serra, lembrando da necessidade de se considerar o que vem à frente. "Vamos refletir sobre os fatos... e também tem uma estratégia política de longo prazo”, disse o senador.
A decisão de permanecer na base de Temer levou em conta a proximidade das eleições de 2018. Caciques peemedebistas já mandaram o recado e lembraram que apoios são firmados na base da reciprocidade.
Da mesma forma, ainda que o partido passe por uma crise de identidade, correligionários mais experientes também levam em conta a situação do senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado do PSDB, implicado na delação da JBS. Em caso de um processo de cassação do mandato do tucano, seria preciso a boa vontade do PMDB.
Também de olho nas eleições de 2018, boa parte dos tucanos defendeu uma antecipação das eleições partidárias para firmar Tasso Jereissati na condução nacional do partido --o senador atualmente é o presidente interino da sigla-- e eleger novas direções. A ideia é revigorar e dinamizar a sigla para o próximo embate eleitoral.
Mais cedo, importantes quadros do partido disseram à Reuters que o PSDB manteria seu apoio ao governo com “condicionantes” – dentre elas a real dimensão da denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve oferecer contra Temer, o que possivelmente acarretaria em uma paralisia ou abrandamento das reformas no Congresso, defendidas pelo PSDB.
Também pesará na posição do partido o eventual surgimento de fatos novos que tornem a situação do governo insustentável.