Sério Moro (Gustavo Minas/Bloomberg/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 31 de março de 2022 às 13h23.
Última atualização em 31 de março de 2022 às 13h34.
O líder do Podemos no Senado, Alvaro Dias (PR) confirmou que o ex-ministro Sergio Moro decidiu se filiar ao União Brasil. Segundo Dias, Moro justificou que o objetivo é reforçar a sua candidatura à Presidência da República, não o contrário.
"Ele comunicou agora que vai se filiar [ao União] na busca de uma estrutura maior para tentar viabilizar a candidatura à Presidência. Essa é a razão da mudança, tentar abrir espaço nessa discussão do centro democrático que busca convergência", disse Dias, ao O Globo.
E acrescentou:
"Ele acha que com União Brasil terá mais chance de prevalecer nessa discussão. O objetivo é preservar candidatura à Presidência, e não o contrário."
Questionado se considerou a decisão acertada, o senador paranaense respondeu que "não mudaria de partido". Mesmo com críticas internas contra o ex-ministro, Dias foi um dos maiores defensores da entrada e permanência dele na legenda.
Assim como outros parlamentares da sigla, Dias soube da ida de Moro para o União Brasil pela imprensa. Há pouco, entretanto, o ex-ministro comunicou a decisão a alguns congressistas depois de se reunir com o núcleo duro da campanha para bater o martelo. Ele deve se filiar até amanhã.
Alguns senadores do Podemos relataram ao O Globo que se sentiram "traídos" por não terem sido consultados antes. O único senador informado foi Eduardo Girão (Podemos-CE), que era quem estava mais próximo de Moro nas últimas semanas.
Conforme mostrou O Globo, o ex-ministro já vinha deixando o partido distante das decisões estratégicas da campanha.
A pessoas próximas, Moro relatou que se sentia "boicotado" pelo partido, já que a presidente do Podemos, Renata Abreu, deixou claro a prioridade em eleger as bancadas no Congresso na eleição deste ano.
O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) disse que "já imaginava" que Moro pudesse deixar o partido, porque, segundo ele, o Podemos é uma legenda pequena e tem pouca verba para investir numa campanha presidencial, cerca de R$ 1 milhão.
"É natural que o candidato busque uma possibilidade melhor para concorrer à Presidência, vai ter mais tempo de televisão. Podemos continuar apoiando Moro. Não sei qual o acerto que ele fez, mas espero que seja para disputar a Presidência", afimou Oriovisto, ao O Globo.
Outro senador do Podemos, Lasier Martins (RS) disse que, para ele, a possibilidade da mudança de partido foi uma surpresa:
"Sempre achei que a candidatura Moro era personalíssima, independia de partido, era a pessoa que faria voto. Na medida em que ele sai do Podemos, ele passa a entender que é o partido que não o ajuda e vai para um partido que pretensamente vai ajudá-lo mais. Só não sei sob quais termos e a qual cargo ele vai concorrer agora.
Nos últimos dias, Moro procurou outros nomes da terceira via para tentar apoio para sua candidatura à Presidência pelo Podemos. Ele ligou para Simone Tebet, pré-candidata pelo MDB, com quem fala frequentemente, com o objetivo de defender que seria o nome ideal para representar a terceira via por ser, entre as opções postas, aquele que está melhor colocado nas pesquisas.
O ex-ministro ouviu de Simone que o critério a ser escolhido ainda vai ser definido em conjunto com todos os presidentes de partido e é complexo, no sentido de que provavelmente vão ser considerados outros fatores além das pesquisas, como tempo de TV, fundo partidário e número de prefeitos pelo país.
A pré-candidata do MDB à Presidência deixou claro que, para entrar no grupo, Moro vai ter que aceitar as regras do jogo e inclusive a possibilidade de abrir mão da sua candidatura.
A conversa com Bivar também foi no sentido de que ele não poderia ter a garantia de que seria o candidato à Presidência da República e que o partido tem intenção de fechar uma aliança com o MDB.