Brasil

Sérgio Cabral era 'patrão' em esquema, diz delator

Delator da Operação Calicute, o empresário Adriano José Reis Martins detalhou ao MPF como "esquentou" dinheiro em espécie para Cabral entre 2007 e 2014

Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro (Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)

Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro (Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de março de 2017 às 13h29.

São Paulo -- Em um dos esquemas de lavagem de dinheiro atribuídos pela Procuradoria da República ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral, o peemedebista era o "patrão". Um dos delatores da Operação Calicute, o empresário Adriano José Reis Martins, dono de concessionárias de carro, detalhou ao Ministério Público Federal como "esquentou" dinheiro em espécie para Sérgio Cabral entre 2007 e 2014.

O ex-governador está preso desde novembro de 2016 em Bangu 8. O esquema de lavagem de dinheiro por meio das concessionárias de Martins é alvo da quinta denúncia da Procuradoria contra o peemedebista. Sérgio Cabral e seus aliados já são réus em três ações penais na Justiça Federal no Rio e em uma ação na Justiça Federal no Paraná.

Martins relatou que "foi procurado em 2006 por Ary Ferreira da Costa Filho (Aryzinho), que informou que, a pedido de Sérgio Cabral (patrão), deveria fazer pagamentos a empresa Gralc, ligada a Carlos Miranda, este apontado como o 'homem da mala' do peemedebista. Teriam sido pagos R$ 3,4 milhões à Gralc a título de consultoria".

Ary era servidor da Secretaria de Estado da Fazenda do Rio, cedido à Secretaria da Casa Civil e foi exonerado em 6 de dezembro de 2016. Aryzinho foi preso em fevereiro na Operação Mascate, desdobramento da Calicute, que prendeu Sérgio Cabral.

O delator disse que "atendeu o pedido, haja vista que não teria qualquer prejuízo com a operação, bem como poderia manter um bom relacionamento com o Governo Estadual". Segundo o delator, não houve prestação de serviço.

"Os valores em espécie e a nota fiscal eram entregues em mochilas pelo próprio Ary ao depoente mensalmente; que quando não eram entregues mensalmente eram entregues posteriormente, mas sempre com uma periodicidade", relatou. "A partir de 2014 as entregas de dinheiro em espécie e notas fiscais pararam de ocorrer."

A defesa de Sérgio Cabral não retornou ao contato da reportagem. O advogado Julio Cezar Leitão, que defende Ary Ferreira da Costa Filho, informou que vai se manifestar nos autos.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoMinistério PúblicoPolícia FederalRio de JaneiroSérgio Cabral

Mais de Brasil

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos

Há espaço na política para uma mulher de voz mansa e que leva as coisas a sério, diz Tabata Amaral

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT