O texto dos senadores relaciona o ex-presidente Jair Bolsonaro diretamente com os atos terroristas que depredaram as sedes dos três poderes em Brasília (Paul Hennessy/Anadolu Agency/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 4 de fevereiro de 2023 às 15h14.
Nove senadores do Partido Democrata apresentaram, na última quinta-feira, uma resolução ao Senado americano em que condenam os atos golpistas do dia 8 de janeiro e o relacionam diretamente com a conduta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O documento inclui ainda pedidos ao presidente Joe Biden de celeridade na cooperação das investigações feitas pelas autoridades brasileiras sobre o episódio, o que inclui "análises rápidas (...) de futuros pedidos de extradição de ex-altos funcionários brasileiros".
A resolução "condena o violento cerco conduzido por apoiadores do ex-presidente brasileiro (...) que foi alimentado, em parte, por desinformação espalhada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao longo de vários meses".
A redação do texto foi liderada pelo democrata Robert Menendez, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. A resolução é assinada também pelos senadores Bernie Sanders, Dick Durbin, Ben Cardin, Chris Murphy, Jeanne Shaheen, Jeff Merkley, Van Hollen e Tim Kaine:
"Condenamos a violenta insurreição no Brasil em janeiro 8, 2023, e expressando a solidariedade dos Estados Unidos com o povo do Brasil, bem como o apoio à salvaguarda instituições democráticas do Brasil", diz o documento.
O texto dos senadores relaciona o ex-presidente Jair Bolsonaro diretamente com os atos terroristas que depredaram as sedes dos três poderes em Brasília:
"Antes das eleições gerais do Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro repetidamente fez acusações falsas e infundadas questionando a transparência e a integridade do processos eleitorais do país (...) e encorajou seus partidários a ampliar essas reivindicações infundadas", diz o documento, antes de afirmar que "em 8 de janeiro de 2023, uma semana após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomar posse, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro se envolveram em um cerco violento e organizado ao palácio presidencial do Brasil, Congresso e a Suprema Corte"
O texto também compara o episódio com a invasão do Capitólio, orquestrada por apoiadores do ex-presidente americano Donald Trump em 6 de janeiro de 2021, que também não aceitavam a derrota do seu candidato nas urnas. Segundo a resolução, os ataques no Brasil demonstram " as consequências danosas de funcionários públicos espalharem deliberadamente desinformação eleitoral e desrespeito ao estado de direito".
— É vergonhoso que Bolsonaro estivesse nos EUA tirando selfies durante aquele evento vergonhoso. Recentemente, apresentei uma legislação para garantir que os funcionários estrangeiros que prejudicam uma eleição livre e justa ou uma transferência pacífica e democrática do poder não possam escapar da responsabilidade fugindo para os Estados Unidos. Esta resolução enfatizará ainda mais a mensagem de que estamos com o povo do Brasil e apoiamos a salvaguarda de suas instituições democráticas — disse o senador Durbin, um dos que assinou o documeno.