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Senador usa verba de gabinete para fazer caridade

Durante os primeiros três meses de mandato, Wilder Morais pagou R$ 3 mil a título de aluguel para uma antiga entidade assistencial de Goiânia

O senador Wilder Morais: o dinheiro foi destinado a um cunhado, Cleobaldo Martins, que faz trabalhos sociais em uma associação que não tinha como emitir os recibos (Agência Senado)

O senador Wilder Morais: o dinheiro foi destinado a um cunhado, Cleobaldo Martins, que faz trabalhos sociais em uma associação que não tinha como emitir os recibos (Agência Senado)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2013 às 09h58.

Brasília - O senador Wilder Morais (DEM-GO) usa R$ 3 mil mensais da verba de gabinete para pagar o aluguel de seu escritório político em Goiânia. Diz fazer o pagamento a uma associação, mas a entidade não tem nenhuma propriedade. O imóvel em questão, na verdade, pertence a uma construtora cujo dono é sócio do senador em outros negócios. Na prática, Wilder faz "filantropia" com verba pública.

O senador assumiu o mandato no ano passado. Wilder era suplente de Demóstenes Torres, cassado pelo Senado pelo envolvimento no escândalo que envolveu o empresário Carlinhos Cachoeira.

Durante os primeiros três meses de mandato, de acordo com sua prestação de contas, Wilder pagou R$ 3 mil a título de aluguel para uma antiga entidade assistencial de Goiânia, o Lar de Jesus. Mas o próprio presidente da entidade, Weimar Muniz, afirmou à reportagem que a operação foi fictícia. O dinheiro, segundo ele, foi destinado a um cunhado, Cleobaldo Martins, que faz trabalhos sociais em uma associação que não tinha como emitir os recibos.

"O dinheiro nem entrou no caixa do Lar de Jesus. Para acertar as contas do senador, emiti os recibos, tivemos que jogar para inglês ver. Tivemos até uma certa dificuldade na contabilidade", afirmou Muniz.

Depois dos três meses, o aluguel passou a ser pago para a Associação Tio Cleobaldo, presidida pelo cunhado de Muniz. Cleobaldo Martins admite que não possui nenhum imóvel e afirma que a associação mal consegue dar conta de bancar os cerca de R$ 6 mil mensais de despesas com refeições para moradores de rua.

Contudo, conseguiu firmar um contrato de comodato com a construtora Unotech, dona do imóvel onde fica o escritório político do senador. Um dos proprietários da empresa é Waldo Caetano, sócio de Wilder em outros empreendimentos. Pelo contrato, a Tio Cleobaldo tem direito a explorar o aluguel por um ano.

Tanto Waldo quanto Wilder disseram que foi o primeiro quem teve a ideia filantrópica. Ambos já ajudavam as entidades com dinheiro de uma construtora em que eram sócios, a Orca. O senador e o sócio são amigos desde os tempos de faculdade.

Além disso, os presidentes das duas entidades afirmaram que Wilder é o filantropo. Cleobaldo disse que sempre foi ajudado pelo senador, e que, entre outras colaborações, Wilder fez um aniversário de uma filha sua em uma creche das entidades sociais. "O dr. Wilder, antes de ser de ser político, ajudava muito. Devemos muito a esse senhor. Ele sempre ajudou."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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