Prédio do Congresso Nacional em Brasília: a saída de Pinto, que a Bolívia considerou uma "fuga", gerou um conflito diplomático entre os países (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2013 às 14h49.
Brasília - O senador boliviano Roger Pinto, que depois de fugir de seu país aguarda uma decisão sobre sua situação no Brasil, se reuniu nesta quarta-feira com deputados e senadores da bancada evangélica, com quem discutiu a portas fechadas assuntos vinculados ao tráfico de drogas.
Roger Pinto explicou a Agência Efe que durante a reunião pediu "apoio" dos parlamentares brasileiros e conversou sobre as máfias das drogas que operam na Bolívia, e acusou membros do governo de Evo Morales de estar vinculados a esses grupos.
O senador boliviano, que estava acompanhado por seu advogado, Fernando Tiburcio, se recusou a dar mais detalhes sobre a conversa e nenhum dos parlamentares brasileiros que participou da reunião deu declarações aos jornalistas.
O encontro aconteceu no gabinete do senador Sérgio de Oliveira (PSD-AC), conhecido como "Petecão".
Roger Pinto, que alega ser "perseguido" pelo governo boliviano, ficou mais de um ano abrigado na embaixada do Brasil em La Paz e fugiu de seu país no dia 23 de agosto com ajuda de diplomatas brasileiros e sem salvo-conduto que autorizaria sua saída da Bolívia.
Ao ingressar ao Brasil, apresentou um pedido de refúgio na Comissão Nacional de Refugiados (Conare), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e que ainda não se pronunciou sobre essa solicitação.
A saída de Pinto, que a Bolívia considerou uma "fuga", gerou um conflito diplomático entre os países, superado quando Morales se reuniu com a presidente Dilma Rousseff durante a Cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) realizada no Suriname em 30 de agosto.
A cumplicidade diplomática nessa "fuga" também levou à renúncia do então chanceler brasileiro Antonio Patriota, substituído por Luiz Alberto Figueiredo.
Roger Pinto responde na justiça boliviana a cinco processos em que é acusado de corrupção e em um deles já foi condenado a um ano de prisão, razões em que se baseava o governo da Bolívia para negar o salvo-conduto.
Mês passado três ministros do governo boliviano foram a Brasília e entregaram, tanto ao Ministério da Justiça como à Conare, volumosos documentos sobre estes processos.