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Senado vai ouvir Glenn Greenwald sobre ameaças que estaria recebendo

A audiência com o jornalista ficou agendada para o dia 1º de julho. A iniciativa de chamá-lo partiu do representante da sociedade civil no Conselho

Glenn: a audiência com o jornalista ficou agendada para o dia 1º de julho (Lia de Paula/Agência Senado)

Glenn: a audiência com o jornalista ficou agendada para o dia 1º de julho (Lia de Paula/Agência Senado)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 17 de junho de 2019 às 19h26.

Última atualização em 25 de junho de 2019 às 16h21.

Brasília — O Conselho de Comunicação Social do Senado (CCS) aprovou nesta segunda-feira (17) a ida do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, editor do site The Intercept, cuja subsidiária brasileira vem publicando, desde o dia 9 de junho, conversas mantidas através de redes sociais pelo ex-juiz Sergio Moro — hoje ministro da Justiça — com procuradores da Lava Jato entre os anos de 2015 a 2018.

Nos diálogos (aos quais, o ministro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, na semana passada, disse "não reconhecer autenticidade"), ficaria evidenciada a condução política da operação contra o PT e o ex-presidente Lula, segundo o site de notícias de Greenwald.

A audiência com o jornalista ficou agendada para o dia 1º de julho. A iniciativa de chamá-lo partiu do representante da sociedade civil no Conselho, o advogado Miguel Matos.

"Não podemos fechar os olhos para o que vem ocorrendo neste país. É algo de uma gravidade extrema, e intimamente ligado também à nossa atuação neste conselho. O imbróglio em torno do que vem sendo divulgado pelo The Intercept é algo sem precedentes na história brasileira. E Greenwald tem dito que vem sofrendo inúmeros atentados ao livre exercício do jornalismo. É preciso então que ele venha aqui e esclareça o que vem acontecendo. A liberdade de imprensa é a garantidora do Estado democrático de direito, não podemos fechar os olhos para o que está se passando", esclareceu Matos.

Amplo debate

O jornalista Davi Emerich também foi favorável à vinda de Greenwald, mas defendeu que o CCS não poderia ignorar, neste momento, a conjuntura política que divide o país. Por isso, solicitou que outros jornalistas também fossem chamados, visando que a audiência não se tornasse "manca" num debate público.

A partir daí, a presidente do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco, sugeriu a participação do jornalista Claudio Dantas, do site O Antagonista. E o presidente do CCS, o cientista político Murillo de Aragão, sugeriu ainda a participação na mesa dos jornalistas Daniel Bramatti (presidente da Abraji — Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e Maria José Braga (presidente da Fenaj — Federação Nacional dos Jornalistas e também conselheira do CCS), além do ex-ministro do STF, Carlos Ayres Brito. Os nomes acabaram sendo acatados pelos demais membros do conselho.

Fake news

Durante a reunião, o CCS também aprovou o relatório de Patrícia Blanco que pede aprimoramentos ao PL 559/2019, apresentado pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e ainda em análise na Câmara dos Deputados. O projeto busca incluir uma disciplina específica nos currículos dos sistemas de ensino médio e fundamental, tratando sobre a utilização ética das redes sociais e contra a disseminação das notícias falsas (fake news).

Mas em seu relatório, acatado pelo CCS, Blanco defende que a educação midiática no que diz respeito ao uso das redes sociais, ao nível dos ensinos médio e fundamental, deve se dar em sinergia com diretrizes já estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a diversas disciplinas ligadas aos currículos de ciências sociais e da natureza. Entende também que a criação de mais uma disciplina nestes currículos esbarra em dificuldades estruturais ligadas a custos e à contratação de pessoal especializado por parte de todas as unidades da Federação, dentre outras questões de praticidade infra-estrutural.

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