Brasil

Senado aprova proposta de quarentena sanitária contra coronavírus

O projeto, que estabelece normas para o isolamento de pessoas, segue agora para o presidente e pode ser sancionado ainda nesta quarta

Senado: parlamentares aprovaram a proposta que define regras para a quarentena de pessoas (Ricardo Botelho/Getty Images)

Senado: parlamentares aprovaram a proposta que define regras para a quarentena de pessoas (Ricardo Botelho/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 5 de fevereiro de 2020 às 18h25.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2020 às 18h33.

Brasília - O Senado aprovou nesta quarta-feira o projeto de lei que estabelece normas para a quarentena de pessoas que possam estar infectadas pelo novo coronavírus, que segue para a sanção presidencial.

Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o projeto deve ser sancionado ainda nesta quarta ou, no máximo, na quinta-feira.

Votado na véspera pela Câmara, o texto aprovado por unanimidade em votação simbólica pelo Senado nesta quarta também estabelece medidas para combater a doença, que já matou quase 500 pessoas, quase todas na China.

A proposta prevê o isolamento, quarentena e fechamento de portos, rodovias e aeroportos para entrada e saída do país. O texto produzido pelos deputados e chancelado pelos senadores deixa claro que as medidas poderão ser adotadas enquanto perdurar a emergência de saúde pública declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em decorrência do novo coronavírus.

Segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado nesta quarta, o Brasil tem 11 casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus e permanece sem nenhuma confirmação da doença no país.

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, não forneceu detalhes sobre a quarentena das pessoas envolvidas na operação de vinda da China para o Brasil — aviões do governo seguiram nesta quarta para Wuhan, cidade epicentro da crise da doença, para trazer de volta ao país brasileiros e seus parentes com interesse de vir ao Brasil.

Investimento em insumos

O número de casos suspeitos de coronavírus no Brasil caiu para 11, segundo boletim divulgado na tarde desta quarta pelo Ministério da Saúde. No boletim de terça-feira, eram 13 infecções em investigação. De acordo com a pasta, cinco casos foram descartados nas últimas 24 horas (um em Santa Catarina e quatro em São Paulo), mas três novos registros foram notificados (um pelo Rio Grande do Sul e dois por São Paulo).

No balanço atual, portanto, quatro Estados brasileiros seguem com casos em investigação: Rio Grande do Sul (5), São Paulo (4), Santa Catarina (1) e Rio de Janeiro (1). Outros 21 registros suspeitos já foram descartados. De acordo com o ministério, a maioria dos pacientes com diagnóstico descartado apresentavam, na verdade, o vírus da gripe (influenza).

O ministério também divulgou o valor que deverá ser gasto com a compra emergencial de equipamentos de proteção para profissionais de saúde e outros agentes públicos que podem ter contato com casos suspeitos. Serão R$ 140 milhões direcionados para a compra de itens como máscaras, luvas, óculos, aventais, entre outros.

"Vamos trabalhar com um cenário intermediário (de número de casos). Esse é o valor que temos. O ministério não tem tradição de adquirir esses itens (são Estados e municípios que compram), então pode ser que tenhamos uma redução do preço por causa da escala", disse João Gabbardo dos Reis, secretário-executivo da pasta.

Ele ressaltou, no entanto, que pode haver dificuldade de comprar os itens pela possibilidade de o mercado estar desabastecido. "Se não conseguirmos no mercado nacional, podemos abrir uma licitação para adquirir no mercado internacional insumos sem registro", destacou o secretário.

Gabbardo dos Reis detalhou ainda como será a contratação, também extraordinária, de mil leitos de UTI caso haja um surto de coronavírus no País. "O que o ministério vai propor aos Estados é que esses leitos já fiquem com o processo de licitação concluído, prontos para serem instalados e vamos colocando de acordo com a demanda pelos casos. As empresas vencedoras terão o prazo de uma semana para colocar os leitos em funcionamento", disse ele.

O secretário afirmou que os leitos serão disponibilizados nos hospitais de referência dos Estados que tiverem necessidade, conforme a eventual confirmação de casos. Nos 12 primeiros meses, os leitos serão custeados pelo ministério. Ao fim do contrato, eles serão doados para as unidades que os receberão, que passam, então, a ser responsáveis pelo custeio. "A estimativa de custo é de R$ 20 mil a R$ 30 mil por leito por mês", disse.

Na China, epicentro do surto e onde mais de 24 mil casos da doença já foram confirmados, o governo tem construído hospitais novos em poucos dias para atender as vítimas da doença. A promessa é entregar 11 hospitais temporários em 12 dias na cidade de Wuhan, local mais afetado pelo surto.

Números

A OMS informou que, nas últimas 24 horas, duas novas mortes por coronavírus elevaram o número de óbitos até o momento para 492. Entre elas, apenas uma foi fora da China, nas Filipinas.

Em atualização diária sobre a epidemia, a entidade informou que foram registrados 3.925 mil novos casos de coronavírus nas últimas 24 horas, elevando o número total para 24.554 infectados em todo o mundo - 24.363 deles na China.

Entre os infectados na China, 3.219 são considerados severos.

(Com Reuters e Estadão Conteúdo)

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusSenado

Mais de Brasil

Veja como vai funcionar novo programa de perícias do INSS para diminuir fila

Relator da maior aposta de Lula, Lira diz que seria 'honraria' ocupar cargo de vice de Bolsonaro

Reajuste dos servidores: veja data e como será pagamento retroativo

Decreto de Trump afeta Erika Hilton, e visto de deputada é recebido no gênero masculino