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Semana pelo Clima termina com protestos em defesa da Amazônia

Depois que o Inpe informou que as queimadas na região aumentaram 82%, protestos foram convocados no Brasil e no exterior

INCÊNDIOS FLORESTAIS: segundo nota técnica do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), com dados do Inpe “os dez municípios amazônicos que mais registraram focos de incêndios foram também os que tiveram maiores taxas de desmatamento”  / REUTERS/Ueslei Marcelino (Ueslei Marcelino/Reuters)

INCÊNDIOS FLORESTAIS: segundo nota técnica do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), com dados do Inpe “os dez municípios amazônicos que mais registraram focos de incêndios foram também os que tiveram maiores taxas de desmatamento” / REUTERS/Ueslei Marcelino (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2019 às 06h34.

Última atualização em 23 de agosto de 2019 às 07h46.

São Paulo — A semana termina com olhos do mundo todo voltados ao Brasil. O motivo é o aumento no número de queimadas na Amazônia. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas aumentaram 82% de janeiro a agosto de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado, na maior alta do índice em sete anos. Por isso, neste final de semana, estão sendo organizados atos no Brasil e no mundo com o mote “Todos pela Amazônia”.

A maior parte dos protestos brasileiros está sendo organizada pelo movimento 342, da produtora musical Paula Lavigne. Há atos marcados no Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 23, e no próximo domingo, 25. Assim como em São Paulo, Curitiba, Natal, Manaus, Salvador, Ribeirão Preto e outras cidades. Famosos como Anitta, Elza Soares, Caetano Veloso, Taís Araújo, Luan Santana e Gisele Bündchen compartilharam mensagens pedindo apoio para defender a Amazônia. Artistas internacionais, como Leonardo DiCaprio, Lindsay Lohan e Kim Kardashian também se manifestaram sobre o tema.

Protestos na porta das embaixadas brasileiras no exterior foram convocados para cobrar medidas ao governo brasileiro. Há atos marcados em Quito, no Peru, e em Bogotá, na Colômbia nesta sexta-feira. Em Sydney, na Austrália, a comunidade brasileira planejou uma passeata em defesa da floresta no domingo.

Não é a primeira vez que este tipo de ação ocorre. No dia 13 de agosto, a embaixada brasileira em Londres, no Reino Unido, foi alvejada com tinta vermelha em um protesto do grupo Extinction Rebellion contra os danos à floresta amazônica e o que eles descreveram como violência contra os povos indígenas que vivem na região. O protesto aconteceu depois que o Inpe divulgou que, neste ano, foi registrado um aumento de 67% no desmatamento da Amazônia.

Autoridades internacionais estão preocupadas com a situação atual da floresta. Emmanuel Macron, presidente francês, se pronunciou na última quinta-feira, 21, no Twitter, afirmando que os incêndios na Amazônia são uma crise internacional que deve ser discutida na reunião do G7, neste fim de semana, na França. O presidente colombiano, Iván Duque, também se manifestou oferecendo ajuda aos governos vizinhos para ajudar a combater o fogo, no que classificou como “tragédia ambiental”.

Enquanto parte da população e da comunidade internacional se indignam com o estado de conservação da floresta, o Brasil sedia, em Salvador, na Bahia, a Semana do Clima da América Latina e Caribe, iniciada no dia 19 e que termina nesta sexta-feira, 23. As conclusões dos debates serão levadas para a Cúpula de Ação Climática da ONU em 23 de setembro, em Nova York. A Semana do Clima também contribuirá para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP25) que acontecerá em Santiago, no Chile, de 2 a 13 de dezembro de 2019.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, participou da conferência na última quarta-feira, 21. Em seu discurso, disse estar preocupado com a gravidade das queimadas: “é uma situação realmente preocupante, agravada pelo clima seco, pelo calor. E nós vamos atuar. Aliás, tanto o ICMBio quanto o Ibama estão com todas as equipes de brigadistas, equipamentos, aeronaves e recursos disponíveis para apoiar os governos dos estados nesse combate às queimadas”.

Já o presidente Jair Bolsonaro disse na quarta-feira e confirmou na quinta que Organizações Não Governamentais poderiam estar causando os incêndios criminosos, mas não apresentou provas para sustentar sua tese. O Palácio do Planalto e Polícia Federal não confirmaram se existe alguma investigação em andamento contra alguma organização que atue na Amazônia. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, anunciou no Twitter na quinta-feira que a Casa vai vai criar uma comissão externa para acompanhar o problema das queimadas e uma comissão geral para avaliar a solução e propor soluções.

Como resposta às reações,  Bolsonaro convocou na noite de ontem um comitê de crise com oito ministros. Espera-se, agora, o anúncio de ações concretas pela Amazônia.

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