FNL no Incra: pauta pede liberação de áreas para reforma agrária e saída de superintendente (Wilson Dias/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2015 às 16h41.
Sorocaba - A Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), integrada por grupos de sem-terra liderados por José Rainha Júnior, ocupou nesta terça-feira, 20, a superintendência estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em São Paulo e cinco escritórios regionais no interior do estado.
Também foram invadidas quatro usinas de cana-de-açúcar no interior paulista e uma fazenda no estado de Goiás, além da sede nacional do Incra em Brasília.
A ação faz parte do chamado "janeiro quente", jornada nacional em defesa da reforma agrária, iniciada no final de semana com a invasão da Fazenda Recreio, em Piratininga (SP).
A pauta reivindicatória, além da liberação de áreas para a reforma agrária, pede a saída do superintendente estadual, Wellington Diniz Monteiro que, segundo Rainha Júnior, deixou o Incra paulista "engessado".
Rainha disse ter mobilizado cerca de três militantes para as ações.
No interior paulista, estavam ocupados até a tarde desta terça os escritórios ou representações do Incra em Andradina, Promissão, Araçatuba, Bauru e Iaras.
Desde a madrugada, os sem-terra invadiram as usinas Santa Fany, em Regente Feijó; Alvorada, em Santo Anastácio; Decasa, em Presidente Venceslau, e Dracena, em Dracena, todas na região do Pontal do Paranapanema.
Segundo Rainha, as usinas foram invadidas para pressionar o Incra a cumprir a Constituição que manda destinar à reforma agrária propriedades que tenham dívidas impagáveis com o governo.
Em Goiás, cerca de 600 sem-terra invadiram a Fazenda Cerrado, em São João da Aliança.
Em todos os casos, as invasões foram registradas na Polícia Civil para embasar pedidos de reintegração de posse.
Incra
O superintendente do Incra em São Paulo, Wellington Monteiro, disse que a Frente liderada por José Rainha, que é dissidente do Movimento dos Sem-Terra (MST), está radicalizando a luta pela reforma agrária.
"Acho estranho (as ocupações), porque estamos com negociações muito avançadas, tanto com eles, como com outros movimentos."
De acordo com Monteiro, em 2014 foram assentadas 850 famílias em São Paulo, um número considerado muito bom para o estado.
"No final do ano, fizemos portarias para três imóveis que os movimentos reivindicavam."
Para o superintendente, a pauta da Frente é pouco objetiva e tem motivação política.
"Acho esquisita a pauta deles. Nos assentamentos, nas prefeituras e no próprio MST a gente não sente essa insatisfação", afirmou.
Ele disse que uma possível adjudicação das terras das usinas por dívidas está sendo negociada pelo governo federal. "É um processo complicado, mas possível."
Até o final da tarde, segundo ele, o Incra negociava a pauta dos sem-terra e a desocupação de suas unidades. As negociações eram acompanhada pelas ouvidorias estadual e nacional.