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Sem registro da Anvisa, Butantan começa produção da vacina contra covid-19

O Butantan pretende entregar todos os documentos de registro à Anvisa na semana que vem, e espera que o aval seja emitido até o dia 15 de janeiro

O Instituto Butantan tem parceria com o laboratório chinês Sinovac. (Amanda Perobelli/Reuters)

O Instituto Butantan tem parceria com o laboratório chinês Sinovac. (Amanda Perobelli/Reuters)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 13h10.

Última atualização em 10 de dezembro de 2020 às 13h38.

O Instituto Butantan começou na quarta-feira, 9, a produção da vacina contra a covid-19 na planta em São Paulo. De acordo com o diretor da entidade, Dimas Covas, a fábrica vai passar a funcionar 24 horas por dia e serão contratados mais 120 técnicos. Até janeiro, 40 milhões de doses da vacina deverão ser produzidos no local.

Na semana passada chegou ao Brasil a segunda remessa de doses da CoronaVac, desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Este lote era de 600 litros a granel, o equivalente a um milhão de doses. É com este insumo que o Butantan começou a produção. Em novembro, o instituto já havia recebido as primeiras 120.000 doses da vacina pronta.

Apesar de começar a produção, o imunizante ainda não foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Também não foram concluídos os testes de eficiência e segurança – a chamada fase 3 – com os 13 mil voluntários no Brasil.

A Anvisa, porém, autorizou todo o processo de importação dos insumos. O governo de São Paulo justifica que iniciar a produção antes do registro final adiantaria a imunização.

O governador João Doria (PSDB) disse nesta quinta-feira, 10, que espera enviar na próxima semana todos os documentos e que o registro saia até o dia 15 de janeiro. Nesta quinta-feira, a Anvisa aprovou um protocolo emergencial de registro de vacinas contra o coronavírus.

O diretor do Butantan, Dimas Covas, disse ainda que a agência sanitária da China pode aprovar a vacina em dezembro. Com isso, o instituto poderia pedir o registro emergencial à Anvisa em 72 horas, previsto na lei da covid-19, que autoriza o procedimento quando há aval de agências sanitárias de Estados Unidos, União Europeia, Japão e China.

O contrato entre o governo de São Paulo e o laboratório chinês Sinovac tem um custo de 90 milhões de dólares. O total de doses compradas é de 46 milhões, sendo 6 milhões já prontas e outras 40 milhões formuladas pelo Butantan, a partir de matéria-prima enviada diretamente da China. O acordo ainda prevê a transferência de tecnologia.

Eficácia

No fim de novembro, o teste da CoronaVac no Brasil atingiu o número mínimo de pessoas infectadas. Com isso, os estudos entraram na última fase de análise para verificar se ela realmente é eficaz contra o coronavírus. 

Em um estudo revisado por pares publicado no dia 17 de novembro na prestigiada revista The Lancet, foi apontado que a CoronaVac, é segura e foi capaz de criar anticorpos em 97% de 700 voluntários que participaram da fase de testes 1 e 2 na China.

Plano de Vacinação

Na segunda-feira, 7, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), detalhou a primeira fase do Plano Estadual de Vacinação contra o coronavírus. O governo prevê iniciar a imunização no dia 25 de janeiro de 2021.

Esta primeira fase vai durar nove semanas, até o dia 28 de março. Serão vacinados 1,5 milhão de profissionais da saúde, e depois 7,5 milhões de pessoas acima de 60 anos. Para vacinar estas 9 milhões de pessoas são necessárias 18 milhões de doses, uma vez que são duas aplicações por pessoa.

Estados e municípios fizeram pedidos

De acordo com o governador João Doria, 12 estados e 276 cidades já fizeram pedidos da vacina do Butantan para imunizar profissionais de saúde. Foram reservadas 4 milhões de doses para estas negociações.

Na quarta-feira, 9, a Frente Nacional dos Prefeitos se mostrou preocupada com uma possível corrida de governos locais pelo imunizante.

“Não é razoável que algumas cidades e estados tenham que lançar mão de estratégias locais de aquisição de vacinas para proteger a população porque o governo federal procrastinou assunto tão importante. Imunizar os brasileiros é devolver ao povo a liberdade de conviver, a confiança de trabalhar e a possibilidade de sonhar”, diz uma nota da entidade que tem como presidente o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB).

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