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Sem reajuste de 2 dígitos, metroviários ameaçam parar

Trabalhadores pedem 35% de aumento, mas o Metrô sinalizou inicialmente com 5,2%, o que não cobriria nem a inflação


	Estação do metrô de São Paulo: mais provável é que a paralisação ocorra no dia 3 de junho
 (Flickr)

Estação do metrô de São Paulo: mais provável é que a paralisação ocorra no dia 3 de junho (Flickr)

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Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2014 às 19h02.

São Paulo - O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Júnior, afirmou nesta segunda-feira, 26, que, diferentemente de anos anteriores, a categoria não aceitará propostas de reajuste salarial de menos de dois dígitos e que os funcionários estão dispostos a decretar greve se a negociação não avançar nesse sentido.

Os trabalhadores pedem 35%, mas o Metrô, que é controlado pelo governo do Estado, sinalizou inicialmente com 5,2%, o que não cobriria nem a inflação segundo boa parte dos indicadores econômicos.

Nesta terça-feira, às 18h30, a categoria se reunirá em assembleia para decidir o dia da paralisação.

O mais provável é que ela ocorra no dia 3 de junho, mas não está descartada a hipótese de deflagração antes ou depois dessa data, até mesmo na semana seguinte, a da abertura da Copa do Mundo, com um jogo entre as seleções de Brasil e Croácia no dia 12, no Estádio Itaquerão, na zona leste, acessado preferencialmente de metrô e trem.

De acordo com Prazeres Júnior, a paralisação dos motoristas e cobradores de São Paulo na semana passada exerceu influência nos metroviários.

A mobilização dos rodoviários ocorreu mesmo após um reajuste salarial da categoria de 10%, quase o dobro do que foi ofertado pelo Metrô a seus empregados.

A direção sindical cobra que as tratativas da campanha salarial sejam, pela primeira vez, direto com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e não com a administração do próprio Metrô, que, de acordo com eles, não tem autonomia suficiente para ampliar as contrapropostas.

"Este ano não vai ser no tribunal (que a situação terá um desfecho)", disse o presidente da entidade.

"O governo mesmo só entra para discutir quando a gente está em greve. Já não bastam promessas que não se cumprem", afirmou o secretário intersindical dos metroviários, Sérgio Renato da Silva Magalhães.

O sindicato aventou ainda a disposição da categoria de abrir as catracas no dia da greve, para não prejudicar a população.

"Toda vez que a gente fez o desafio da catraca livre em troca da greve, o governo do Estado disse que tem problema de segurança. Mas está cheio de PM no Metrô, então é um problema de vontade política. O governo está realmente preocupado com todo o mundo que vai usar o metrô ou não?", disse Prazeres Júnior.

Intimidação

Em coletiva de imprensa realizada na sede do sindicato, Prazeres Júnior falou ainda sobre a intimação que recebeu na última sexta-feira para depor na 1ª Delegacia Seccional, no centro.

A unidade da Polícia Civil, também controlada pelo governo do Estado, investiga a paralisação dos motoristas e cobradores e queria saber se Prazeres Júnior tinha algum vínculo com o ato.

"Não tive envolvimento nenhum, embora apoiasse o movimento dos rodoviários. Tratou-se de uma tentativa de criminalizar os movimentos sociais, mas não vamos nos intimidar."

Ainda segundo Magalhães, alguns funcionários já receberam cartas da empresa, intimidando-os a não se vincular ao movimento grevista.

O sindicalista também reclamou que a empresa não valoriza a política de carreiras e que é comum jovens empregados saírem em busca de outras oportunidades.

Morte

Durante a entrevista, os sindicalistas denunciaram a morte de um trabalhador terceirizado da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) na madrugada do dia 14 de maio.

Sérgio Spadotto, que tinha 49 anos e era terceirizado, morreu atropelado por um caminhão, que estaria irregular e com as lanternas desligadas entre as Estações Granja Julieta e Santo Amaro, na Linha 9-Esmeralda, na zona sul.

Segundo Prazeres Júnior, trata-se da sexta morte por atropelamento de funcionário na rede da CPTM desde 2011.

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