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Sem provas, Bolsonaro tenta vincular plano de matar Moro à 'esquerda'

Ex-presidente também prestou solidariedade a senador e demais alvos de grupo desarticulado por operação da Polícia Federal nesta quarta-feira

Jair Bolsonaro: Na postagem, o ex-presidente ainda prestou solidariedade também aos demais alvos do grupo criminoso (Joe Raedle/Getty Images)

Jair Bolsonaro: Na postagem, o ex-presidente ainda prestou solidariedade também aos demais alvos do grupo criminoso (Joe Raedle/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 22 de março de 2023 às 15h57.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou vincular o plano para assassinar o senador Sergio Moro (União-PR), desarticulado na manhã desta quarta-feira pela Polícia Federal, à esquerda. O ex-chefe do Executivo fez uma publicação em suas redes sociais em solidariedade ao ex-ministro da Justiça e juiz da Lava-Jato e, sem provas, fez uma associação do caso ao assassinato em 2002 do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, e a facada contra ele mesmo, em 2018.

"Em 2002 Celso Daniel, em 2018 Jair Bolsonaro e agora Sérgio Moro. Tudo não pode ser só coincidência. O Poder absoluto a qualquer preço sempre foi o objetivo da esquerda", escreveu Bolsonaro.

Na postagem, o ex-presidente ainda prestou solidariedade também aos demais alvos do grupo criminoso. Além de Moro, o promotor de justiça Lincoln Gakiya também era alvo do bando. Além de homicídios, a organização também planejava extorsão mediante sequestro.

Ações da esquerda?

No início da tarde, o ministro da Justiça e Segurança Pública Flavio Dino (PSB) criticou a tentativa de agentes políticos de politizar a ação, sem mencionar Bolsonaro ou outros nomes.

"É vil, leviana e descabida qualquer vinculação a esses eventos com a política brasileira. Eu fico realmente espantado com o nível de mau carátismo de quem tenta politizar uma investigação séria. Investigação essa que é tão séria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador de oposição ao nosso governo", afirmou o ministro.

Em uma entrevista ao site "Brasil 247" na terça-feira, Lula mencionou que quando estava preso afirmou a procuradores que só ficaria bem quando prejudicasse Moro. A fala tem sido usada por apoiadores de Jair Bolsonaro para politizar a operação da PF.

"De vez em quando entravam 3 ou 4 procuradores lá para perguntar se estava tudo bem. E perguntavam: "está tudo bem?" Eu falava: "não está nada bem. Só vai estar bem quando eu foder esse Moro", disse Lula.

Caso Celso Daniel

O caso do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel já havia sido explorado por Bolsonaro durante a campanha eleitoral para atacar a esquerda. Ele citou o fato, inclusive, durante o debate presidencial contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e acusou o petista de ter relação com o crime.

Celso Daniel era uma liderança política na região do ABC paulista. Ele foi eleito prefeito de Santo André no final da década de 1980 e, mais tarde, deputado federal por São Paulo, cargo que ocupava quando foi assassinado.

A vítima tinha 50 anos quando foi encontrada morta em Juquitiba, na Região Metropolitana de São Paulo. Atingido por oito tiros, Daniel havia sido sequestrado dois dias antes, quando voltava de um jantar com o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, ex-assessor do prefeito que estava ao volante de uma Mitsubishi Pajero blindada e nada sofreu.

O crime foi investigado pela Polícia Civil, que prendeu os sequestradores e concluiu o inquérito como um crime comum. O Ministério Público, no entanto, reabriu o caso e chegou a um esquema de corrupção que teria culminado no assassinato do prefeito, com Sérgio como mandante.

De acordo com o Ministério Público, o político virou alvo depois de descobrir e tentar impedir um esquema de cobrança de propinas que alimentava o caixa do Partido dos Trabalhadores. Na época, Daniel era coordenador do programa de governo de Lula, que acabaria sendo eleito presidente na corrida eleitoral ao fim do ano.

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