Brasil

Seis em cada dez paulistanos presenciam situações de racismo em shoppings

Dados são da pesquisa "Viver em São Paulo: relações raciais na cidade", divulgada pela Rede Nossa São Paulo no mês da Consciência Negra

Racismo: seis em cada dez paulistanos percebem diferença no tratamento de brancos e negros em shoppings e estabelecimentos comerciais (Luke Sharrett/Bloomberg)

Racismo: seis em cada dez paulistanos percebem diferença no tratamento de brancos e negros em shoppings e estabelecimentos comerciais (Luke Sharrett/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de novembro de 2018 às 11h24.

São Paulo - Seis em cada dez paulistanos percebem diferença no tratamento de brancos e negros em shoppings e estabelecimentos comerciais, como lojas, cinemas, restaurantes, bares, supermercados e farmácias. A percepção é mais acentuada entre os que se declaram pretos ou pardos.

Os dados são da pesquisa inédita "Viver em São Paulo: relações raciais na cidade", divulgada pela Rede Nossa São Paulo nesta terça-feira, 13, no mês da Consciência Negra. O estudo avaliou se o preconceito e a discriminação contra a população negra se manteve ou aumentou em São Paulo nos últimos dez anos.

"Temos um racismo que é absolutamente intrínseco à dinâmica da sociedade paulistana. Na média geral, aproximadamente sete em cada dez paulistanos notam a diferença de tratamento em praticamente todas as situações hipotéticas trabalhadas na pesquisa. É muito alto", afirmou José Américo Sampaio, coordenador da Rede Nossa São Paulo.

Em seis dos oito locais avaliados, a diferença no tratamento de pessoas brancas e pessoas negras é percebida por pelo menos metade dos entrevistados. Para 66% dos paulistanos, shoppings e estabelecimentos comerciais são os locais onde essa diferença é mais notada. Em todos os locais analisados, a percepção de diferença no tratamento é mais acentuada entre os que se declaram pretos ou pardos.

A diferença no tratamento de pessoas brancas e negras é percebida no trabalho (62%), na rua em espaços públicos de convivência, como parques e praças (61%), na escola, na faculdade e em universidades (60%), no transporte público (60%), nos hospitais e postos de saúde (50%), no local onde moram (45%) e no ambiente familiar (25%).

Entre negros e pardos, a percepção aumenta em todos os locais avaliados. Na comparação com os brancos, a população negra identifica a diferença na forma de ser tratado principalmente em shoppings e estabelecimentos comerciais (75%).

No trabalho, em situações de seleção e promoção profissional, e ainda na escola, faculdade ou universidade, 70% dos negros percebem discriminação. Eles também notam diferença no transporte público (69%), na rua, em praças e parques (68%), nos hospitais e postos de saúde (60%), no local onde moram (54%) e no ambiente familiar (31%).

"Não há uma concentração nessa diferença de tratamento em determinados espaços. A pesquisa mostra que há um padrão e esse padrão é o padrão do preconceito. O único lugar em que essa percepção cai é na família e na rua, que são ambientes mais próximos", diz Sampaio.

Na última década, situações de preconceito e discriminação contra negros se mantiveram ou aumentaram para sete em cada dez entrevistados.Paulistanos das regiões central e sul da capital são os que mais consideram que o preconceito contra a população negra se manteve, enquanto os da região oeste avaliam que o mesmo diminuiu.

Quem mais aponta o aumento do racismo é mulher, entre 16 a 24 anos e mais pobre (classe C). Quem acha que diminuiu são mais ricos (pertencem à classe A) e têm 55 anos ou mais.

"Chama atenção que a percepção do racismo na diferença de tratamento é muito maior para os negros. A população paulistana percebe a discriminação racial. Ou seja, o racismo não passa despercebido. Mas a população negra percebe muito mais do que a população branca. A pesquisa revela que há uma distância entre as duas populações em relação a esse tema", afirmou Sampaio.

Acompanhe tudo sobre:Racismosao-pauloShopping centers

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP