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Sedativos de unidades veterinárias são enviados a hospitais do Rio

De acordo com secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, medicamentos são os mesmos usados em humanos, e não faz sentido não usá-los, pois cirurgias eletivas estão suspensas, inclusive em animais

 (Ricardo Moraes/Reuters)

(Ricardo Moraes/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 16 de abril de 2021 às 14h58.

Em meio à escassez nos hospitais públicos e privados do Rio de insumos do chamado kit intubação — medicamentos essenciais para a realização do procedimento em pacientes graves de Covid-19 —, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou, durante coletiva na manhã desta sexta-feira, que a prefeitura tem recorrido a itens como sedativos e neurobloqueadores do Centro Veterinário de Controle de Zoonoses para tentar suprir o desabastecimento nas unidades de saúde da cidade, sobretudo do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, referência para tratamento do coronavírus. Segundo ele, os medicamentos que seriam usados nos animais são os mesmos usados em seres humanos.

— Todas as cirurgias eletivas estão suspensas na cidade do Rio, e isso inclui as cirurgias nos centros de veterinária. Então, não faz sentido continuarmos consumindo itens essenciais para intubação, para saúde humana, nas unidades veterinárias. Estamos usando todo esse material que é relativo a sedativos e a bloqueadores neuromusculares em unidades que tem um alto atendimento de pessoas com Covid ou outras doenças em que é necessária a intubação — disse Soranz.

A reportagem apurou que Cetamina e Midazolan estão entre os medicamentos mais cedidos. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, estas substâncias utilizadas em cirurgias animais são exatamente as mesmas usadas nos seres humanos, com diferença apenas da dosagem. Segundo o órgão, em situações normais, antes da pandemia, o comum era que a própria SMS abastecesse esses centros veterinários. As cirurgias eletivas, inclusive nos animais, estão paradas desde o fim de março.

Nos últimos dias, O GLOBO mostrou relatos de profissionais de unidades de saúde e de parentes de pacientes internados em UTIs Covid, que têm convivido com o drama da falta de insumos para intubação. Segundo Daniel Soranz, neste momento, o abastecimento dos hospitais com o chamado kit intubação é de apenas três dias.

— Todos os hospitais, municipais, estaduais e federais, têm um abastecimento para três dias e a gente tem remanejado para toda a rede, para que não falte em nenhuma unidade, e para que a gente consiga manter um equilíbrio neste fornecimento. Toda a rede SUS e a rede privada estão contribuindo para a manutenção destes insumos, que são estratégicos. Por isso, o Ministério da Saúde centralizou esta compra e tem distribuído por meio do governo do estado, que é responsável por esta logística — afirmou. — A gente insiste que nenhum hospital deve ter estoques muito longos para não faltar em nenhum outro, para que a gente possa fazer o remanejamento e manter a rede abastecida. O ministro da Saúde (Marcelo Queiroga) ja garantiu que vai receber um carregamento de importação essa semana, e hoje a gente ja recebeu medicamentos de bloqueadores neuromusculares e sedativos para que a gente possa manter o abastecimento ao longo dos próximos dias.

Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde afirmou ao GLOBO que já distribuiu aos estados e municípios mais de 8 milhões de medicamentos para intubação de pacientes ao longo da pandemia e que, até a noite desta quinta, aguardava a a chegada de 2,3 milhões de medicamentos para intubação. Os insumos, diz o governo federal, foram doados por um grupo de empresas privadas. Os medicamentos saíram da China na quarta-feira. Assim que chegarem ao Brasil serão distribuídos imediatamente aos estados com estoques críticos dos insumos.

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