DHPP investiga suspeita de que grupos de extermínio formados por PMs tenham sido os responsáveis por recentes chacinas nas periferias de São Paulo (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2012 às 17h03.
São Paulo - O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, afirmou ao site de VEJA que a conduta do procurador da República Matheus Magnani contra o comando da Polícia Militar é "inoportuna", e disse "estranhar" que o alarde feito nos últimos dias com casos de criminalidade coincida com o calendário eleitoral.
“Eu estranho bastante que nesse período eleitoral se faça tanto alarde, se fale tanto e se explore tanto dois episódios em que o poder constituído tomou todas as providências legais que deveriam ser tomadas”, afirmou Ferreira Pinto, nesta sexta-feira, citando casos que ganharam repercussão nas últimas semanas, como a morte de um publicitário na capital paulista e de um jovem na Baixada Santista. Ele disse que apesar das eleições deste ano serem municipais, a cidade de São Paulo atrai os holofotes do país em razão do acirramento de disputas partidárias.
Para Ferreira Pinto, o procurador foi irresponsável ao declarar que a Polícia Militar estaria sem controle. “É um procedimento lamentável, temerário, sem nenhum fundamento, ele apenas confunde a população em razão dessa conduta indevida, inoportuna”. Nos próximos dias, o secretário vai apresentar uma representação à Corregedoria do Ministério Público Federal (MPF) para que seja analisada a conduta de Magnani, alegando que a população ficou com medo após sua afirmação.
O secretário ainda classificou o procurador como "uma pessoa polêmica". "Ele já foi condenado por processo administrativo, com 90 dias de suspensão por vazar informações sigilosas em um procedimento da Justiça Federal, e quase foi demitido”, afirmou.
Criminalidade - Quanto aos dados sobre a criminalidade divulgados pela Secretaria da Segurança Pública durante a semana, que indicam aumento de 21% nos casos de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) na capital paulista, e 8% no estado no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, disse que, apesar do aumento, os indicadores são os menores de todo o país.“Não há razão alguma para se fazer sensacionalismo com a elevação, pois a polícia está atenta.”
Os dados mostram que, ao todo, foram 2.183 casos de homicídios no estado, ante 2.014 no mesmo período de 2011 - 169 ocorrências a mais. Na capital paulista, o total de homicídios chegou a 585 no semestre, contra 482 nos seis primeiros meses do ano passado. Para reverter essa situação, o governo informou que reforçará o efetivo de policiais nas ruas.
Sobre a suspeita de que grupos de extermínio formados por PMs tenham sido os responsáveis por recentes chacinas nas periferias de São Paulo, Ferreira Pinto disse que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga os casos. Ele descarta a possibilidade de que policiais tenham imposto toques de recolher na cidade. “Isso é totalmente fora de propósito, não tem cabimento".
Nesta semana, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que os homicídios aumentaram porque a polícia está mais enérgica e apertou o cerco contra a criminalidade, especialmente nos pontos de venda de drogas, conhecidos como biqueiras.
“Se tenho mais viaturas na rua a possibilidade de confronto é maior e quem leva a melhor é quem tem treinamento e equipamento de segurança, os policias”, argumentou o secretário. Ele ainda defendeu a ação da Rota, tropa de elite da PM, e disse que durante sua gestão a corporação continuará agindo com firmeza.
Quanto questionado se sente medo de sofrer algum tipo de agressão, o secretário afirmou que sente a mesma insegurança de todo cidadão.