Brasil

Secretaria da Cultura suspende Prêmio das Artes anunciado por Alvim

Decisão sobre continuidade caberá ao novo comando da pasta; nesta semana, filmes LGBT criticados por Bolsonaro não foram aprovados em edital

ALVIM: o secretário estava há pouco mais de dois meses no cargo  / (reprodução/youtube) (Youtube/Reprodução)

ALVIM: o secretário estava há pouco mais de dois meses no cargo / (reprodução/youtube) (Youtube/Reprodução)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 17h41.

Última atualização em 22 de janeiro de 2020 às 18h01.

São Paulo - A Secretaria Especial da Cultura suspendeu o edital do Prêmio Nacional das Artes, anunciado pelo ex-secretário Roberto Alvim no vídeo que acabou levando à sua demissão.

O secretário usou trechos copiados de um discurso do líder nazista Joseph Goebbels, que foi ministro da Propaganda da Alemanha nazista entre 1933 e 1945, ao som da ópera preferida de Hitler.

Em nota, a Secretaria Especial da Cultura informou que o edital, previsto para essa semana, não chegou a ser publicado e que caberá ao novo secretário reavaliar a continuidade do processo.

O Prêmio Nacional das Artes destinaria R$ 20,625 milhões a produções inéditas em áreas da cultura: seriam selecionadas 5 óperas, 25 espetáculos teatrais, 25 exposições individuais de pintura e 25 de escultura, 25 contos inéditos, 25 CDs de musicais originais e 15 propostas de histórias em quadrinhos.

“Trata-se de um marco histórico para as artes brasileiras, de relevância imensurável, e sua implementação e perpetuação ao longo dos próximos anos irá redefinir a qualidade da produção cultural em nosso país”, afirmou Alvim na época.

O secretário acrescentou que o governo queria estimular a criação de uma nova arte “capaz de encarnar simbolicamente os anseios desta imensa maioria da população brasileira”, disse.

A previsão era de inscrições até 9 de março com resultado em abril, pagamento em maio e premiação em setembro por meio de evento em Brasília batizado "Mês do Renascimento da Arte Brasileira".

A seleção dos vencedores em cada categoria seria feita por comissões formadas exclusivamente para isso, cada uma com cinco integrantes, sendo dois servidores da Secretaria Especial da Cultura e 3 representantes da sociedade civil com "notório saber nas respectivas áreas".

O formato do concurso e as declarações do secretário geraram o temor de que o projeto usaria dinheiro público para dirigismo cultural, já que o governo tem se notabilizado por episódios de censura.

Filmes LGBT

Também nesta semana foi divulgado que não foram aprovados, em um edital da EBC, quatro filmes com temática LGBT: "Afronte", "Transversais", "Religare Queer" e "Sexo Reverso".

Aprovados na fase final nas categorias “diversidade de gênero” e “sexualidade”, os projetos foram criticados por Bolsonaro em agosto de 2019 em transmissão ao vivo nas redes sociais. O presidente tem um histórico longo de declarações homofóbicas.

O ministro da Cidadania, Osmar Terra suspendeu o edital dias depois, o que levou a uma disputa judicial - que pode não ter chegado ao fim. À Folhapress, Kiko Goifman, diretor de um dos filmes excluídos, disse que vai entrar na Justiça contra a decisão.

Convidada para assumir a vaga de Alvim, a atriz Regina Duarte desembarcou em Brasília nesta quarta-feira (22).

Ela ainda não aceitou formalmente o convite do presidente Jair Bolsonaro, mas aceitou passar por uma "fase de teste".

“Hoje, não. Noivado é noivado. Tem que ter um tempo”, disse a atriz. “Vou continuar conversando. Noivando, noivando”, afirmou a atriz.

Acompanhe tudo sobre:ArteCensuraCultura

Mais de Brasil

Alesp aprova proibição de celulares em escolas públicas e privadas de SP

Geração está aprendendo menos por causa do celular, diz autora do PL que proíbe aparelhos em escolas

Após cinco anos, Brasil recupera certificado de eliminação do sarampo

Bastidor: queda na popularidade pressiona Lula por reforma ministerial e “cavalo de pau do governo”