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Se reeleito, Bolsonaro vai privatizar a Petrobras, diz Guedes

Guedes afirmou que a pandemia acabou impedindo que as reformas que previa avançassem como esperado

Ministro da Economia, Paulo Guedes, fala com a imprensa no Palácio do Planalto em Brasília
 (Adriano Machado/Reuters)

Ministro da Economia, Paulo Guedes, fala com a imprensa no Palácio do Planalto em Brasília (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de maio de 2022 às 09h20.

Última atualização em 26 de maio de 2022 às 09h24.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse a jornalistas nesta quinta-feira, 26 que se Jair Bolsonaro for reeleito, com um Congresso com perfil mais de centro-direita, vai conseguir acelerar as reformas. "Vamos privatizar a Petrobras, fazer vários acordos comerciais, vamos fazer bem mais do que temos feito até agora."

Guedes afirmou que a pandemia acabou impedindo que as reformas que previa avançassem como esperado. Mas o Brasil está saindo da crise com o "fiscal forte" e a política monetária necessária para combater a inflação - ou, na linguagem do mercado financeiro, "na frente da curva".

Já os Estados Unidos e Europa estão "atrás da curva", ou seja, vão precisar ainda subir muito os juros para conter a crise. "O mundo inteiro esta fora do lugar no fiscal e no monetário."

Para Guedes, enquanto o mundo, sobretudo o Ocidental, está "entrando no inferno", em uma crise que promete ser longa, o Brasil está saindo.

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Crítica a governadores

Na entrevista, o ministro da Economia afirmou que o governo transferiu "meio trilhão de reais" para os Estados e municípios, em ritmo nunca visto, fazendo o ajuste fiscal deles. "Os Estados que estão reclamando, o governador é um despreparado ou é militante", disse, em Davos.

"Os Estados receberam uma fortuna fabulosa. Nunca se transferiu tanto dinheiro para Estados e municípios. A arrecadação deles subiu extraordinariamente", afirmou, destacando que vê injustiça nas reclamações dos entes federados. "Transferimos meio trilhão de reais para esses caras."

E a melhora das contas estaduais, não foi porque eles fizeram um ajuste fiscal, mas por conta dessa transferência, comentou o ministro. "Nós fizemos o ajuste deles."

Na conta de Guedes, os Estados e municípios receberam R$ 150 bilhões no pacote da rolagem de dívida; R$ 260 bi do Fundep (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa), neste caso em 10 anos; R$ 68 bilhões pela de Lei Kandir. Houve anda mais alguns bilhões pela cessão onerosa (R$ 12 bilhões na primeira rodada e R$ 7 bilhões na segunda).

Inflação

Paulo Guedes acredita que a inflação alta já pode ter atingido o pico no Brasil e vai começar a baixar. No exterior, ao contrário ainda pode subir mais e os países podem enfrentar um ciclo de piora, enquanto o Brasil começa um processo longo de melhora.

"Fomos os primeiros a combater a inflação, zeramos o déficit e subimos os juros", disse o ministro em entrevista à imprensa após seu último compromisso no Fórum Econômico Mundial em Davos.

"A inflação vai subir por muitos anos no mundo inteiro", disse, voltando a criticar a atuação lenta dos bancos centrais dos Estados Unidos e Europa.

Guedes reconheceu que a taxa de juros mais alta "é pé no freio" e ajuda a desacelerar a atividade. Mas ponderou que o Brasil tem um mercado interno enorme, capaz de resistir a um cenário externo mais desfavorável, e o País já tem contratado um programa de investimento de R$ 850 bilhões.

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Para Guedes, democracia brasileira 'é barulhenta, mas funciona'

Guedes afirmou que acredita na democracia brasileira, que é barulhenta, mas funciona. "O que estamos vendo é uma demarcação de territórios", disse.

"São Poderes independentes e eles tentam demarcar territórios. Então às vezes, o Supremo vai e entra no IPI ou ICMS, invadindo um pouco o território do outro. Aí o Legislativo empurra de volta", afirmou.

O ministro citou outro exemplo dessa "demarcação", de o Supremo tentar impedir Jair Bolsonaro de tentar nomear o delegado chefe da Polícia Federal. "Aí o Executivo disse 'esse território é meu você está invadindo meu território, todos os presidentes nomearam'."

"Temos que respeitar todos os Poderes, inclusive a Presidência da República, ela é uma instituição democrática", afirmou. O ministro avalia que falta respeito em todos os lugares.

Havia uma descrença, sobretudo no exterior, sobre a funcionalidade da democracia brasileira, ressaltou. "Muita gente vendeu que a democracia estava em risco porque Bolsonaro ganhou. Só pode eleger um cara de esquerda?", questionou Guedes, argumentando que Bolsonaro tem direito a ter suas opiniões.

Essa descrença com a democracia e o funcionamento da economia, disse o ministro, acabou, sobretudo quando o Brasil avançou em reformas difíceis, como a da Previdência. "A democracia brasileira é barulhenta, mas é uma democracia e funciona."

No exterior, a "descrença e hostilidade" foram substituídas pela palavra respeito, ressaltou Guedes, destacando que é justamente o respeito que falta dentro do Brasil. "Todo mundo está faltando respeito, faltando tolerância."

PT

Na entrevista, Guedes alfinetou o PT, que segundo ele quebrou o Brasil sem nenhuma guerra ou uma pandemia, como enfrentou o governo de Jair Bolsonaro. "O PT já tinha hipotecado o futuro das gerações sem ter havido uma guerra."

O lado positivo da social-democracia, disse o ministro, foi a inclusão de milhões na classe média, mas isso ao custo de corrupção, juro alto e roubalheira.

Se os sociais-democratas vencerem em outubro, é estagnação econômica e corrupção, prevê Guedes. "A social-democracia tem coração macio, mais cabeça dura."

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"Dia do Brasil" em Davos termina com perspectiva otimista

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