Brasil

"Se pudesse, teria o meu filho na minha equipe", afirma Mourão

O vice-presidente falou sobre a promoção de seu filho no Banco do Brasil, as falhas de comunicação do governo e sobre o apoio do PSL à candidatura de Maia

Mourão: " O presidente do banco o conheceu em uma apresentação e o convidou para ser assessor." (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Mourão: " O presidente do banco o conheceu em uma apresentação e o convidou para ser assessor." (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 12h06.

Brasília - O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que, se pudesse, levaria o filho Antônio Hamilton Rossell Mourão para trabalhar ao seu lado no Palácio do Planalto. A promoção do filho do general para assessor especial da presidência do Banco do Brasil, com um salário de R$ 36,3 mil - o triplo do atual -, causou polêmica no governo.

"Eu não tive nada a ver com isso, o presidente do banco (Rubem Novaes) o convidou para ser assessor. Aí, é óbvio que lá dentro o sindicalismo bancário se revolta. São coisas da vida", afirmou Mourão, ao lembrar que Rossell Mourão completará 19 anos no banco.

Questionado se a situação causava algum tipo de constrangimento, o general respondeu: "Para mim, não. Não é por ser meu filho, mas ele é um profissional extremamente qualificado. Se eu pudesse, o teria aqui na minha equipe".

Mourão admitiu problemas na comunicação do governo, mas disse que as divergências entre os ministros Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil) estão superadas. "O Paulo e o Onyx já trocaram beijinhos e está tudo certo".

A promoção de seu filho no Banco do Brasil não contraria o discurso de campanha sobre fim de privilégios e da influência política nas nomeações?

Se o meu filho fosse um camarada de fora do banco, seria algo totalmente fora, apesar de ser permitido, porque o presidente tem cargos de livre provimento. Em fevereiro, (seu filho) completa 19 anos (de banco). Não tive nada a ver com isso, o presidente do banco o conheceu em uma apresentação e o convidou para ser assessor. É óbvio que lá dentro o sindicalismo bancário se revolta com determinadas coisas. São coisas da vida.

E ele continua no cargo?

Sim. Não vai ceder.

Isso não criou algum tipo de constrangimento para o sr.?

Para mim, não. Não é por ser meu filho, mas ele é um profissional extremamente qualificado. Se eu pudesse, o teria aqui na minha equipe.

Como o sr. avalia o desencontro de informações no governo, nos últimos dias, em relação ao aumento do IOF e à reforma da Previdência? Houve bate-cabeça?

Não acho que tenha havido bate-cabeça. Tem esses primeiros dez dias, que é o momento de conhecer as coisas. Até porque essa transição não ocorre da forma como a gente faz nos nossos quartéis, porque aí você pega e bota o novo comandante sentadinho, cada um fala, vai lá, expõe. Aqui você traz uma equipe, muitos não têm experiência na administração... Então, isso é normal. Não teve prejuízo.

Mas na segunda-feira o sr. e o general Augusto Heleno (do Gabinete de Segurança Institucional) foram convocados para ajudar na tarefa de afinar o discurso entre os ministros Onyx e Paulo Guedes.

Não houve essa convocação. Na segunda-feira, como tinha a posse dos bancos estatais, o presidente reuniu no gabinete os presidentes de bancos e obviamente estavam o Paulo Guedes, o Onyx, eu e o Heleno. Houve uma conversa informal, mas não teve essa escalação por parte do presidente para afinar o discurso. O Paulo e o Onyx foram almoçar juntos, já trocaram uns beijinhos e está tudo certo. Esse episódio está superado. Em qualquer equipe volta e meia existem opiniões diferentes. Compete ao líder maior dizer: 'Meninos, ou meninas, vamos nos acertar'.

Na campanha, o sr. disse que a comunicação do governo era ruim. Como resolver esse problema?

O presidente está buscando um porta-voz e ainda não encontrou. Vocês sabem que o salário para um porta-voz é igual àquele do Chico Anysio na Escolinha do Professor Raimundo (faz o gesto juntando o polegar e o indicador): 'E o salário, ó!'. Fica difícil encontrar alguém que tenha boa conexão com a imprensa.

O ministro Onyx disse que faria um "revogaço" de medidas, mas até agora não foi anunciado nada. Houve erro de comunicação?

Para fazer o "revogaço", você tem de pegar as medidas que foram colocadas nos últimos dois anos. Pega uma equipe de cinco, seis pessoas e se debruça para ver o que pode e o que não pode valer. Isso leva tempo. A burocracia estatal não é fácil desde o Império (risos).

A decisão da Casa Civil de exonerar 320 servidores não emperrou a máquina? O sr. vai "despetizar" a Vice-Presidência?

A Vice não existia. Quando o presidente (Michel) Temer assumiu a Presidência, quem estava aqui foi com ele. Sobrou meia dúzia de gatos pingados.

O ex-assessor Fabrício Queiroz, que trabalhava para Flávio Bolsonaro, não deu todas as explicações da movimentação considerada atípica pelo Coaf. Isso não cria dificuldade para o governo?

Acho que não. O problema é o Queiroz. Ele tinha um dinheiro na conta e tem de explicar por que aquelas pessoas depositavam para ele. Para o governo, a única conexão era o dinheiro que foi para a conta da primeira-dama (Michelle Bolsonaro), que o presidente disse que era pagamento de empréstimo. Então, para mim, morta a cobra.

O PSL, de Bolsonaro, anunciou apoio à candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à reeleição para a presidência da Câmara. O governo terá lado nessa disputa?

O presidente não quer ter um lado nessa disputa. É um jogo político-partidário. Teremos de tratar com quem for eleito e tem de ser na base republicana.

E como o sr. vê a disputa pelo comando do Senado com a candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL), que é próximo do PT?

Não vou emitir juízo de valor. Nunca conversei pessoalmente com ele.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:BB – Banco do BrasilGoverno BolsonaroHamilton MourãoPSL – Partido Social Liberal

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP