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Se pauta for diferente do que acredito, entrego o cargo, diz liderança

Questionado sobre a resposta dada há dois meses, afirmou que sua posição é de que a idade mínima não seja muito alta a ponto de torná-la "absurda"

Novato na Câmara, o deputado federal major Vitor Hugo (PSL/GO) foi escolhido por Bolsonaro para representar o governo (Facebook Major Vitor Hugo/Reprodução)

Novato na Câmara, o deputado federal major Vitor Hugo (PSL/GO) foi escolhido por Bolsonaro para representar o governo (Facebook Major Vitor Hugo/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de janeiro de 2019 às 08h20.

Brasília - Deputado federal em primeiro mandato, o futuro líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), de 41 anos, afirmou que pretende levar a cabo as exigências que o novo cargo terá, deixando de expressar suas posições pessoais sobre as pautas que serão apresentadas pelo Executivo.

"Uma coisa é a posição enquanto deputado, que vai ser expressa nas votações. Outra coisa é a função como líder do governo. O conflito vai ser vivido internamente", disse o novo líder ao Estadão/Broadcast.

Ele admitiu, no entanto, abrir mão do cargo se chegar ao "extremo" de alguma medida proposta pelo governo "extrapolar" convicções pessoais.

"Se for uma pauta completamente diferente do que eu acredito, dos meus valores, eu bateria continência e, por lealdade, entregaria o cargo", afirmou, com a ressalva de que "acha muito difícil que isso aconteça" pelo alinhamento ideológico que possui com o presidente Jair Bolsonaro.

Sem experiência com a articulação política, Vitor Hugo terá, logo no início do mandato, de negociar com seus pares a aprovação da reforma da Previdência, considerada crucial para a sobrevivência do governo Bolsonaro e para a economia.

Sobre o tema, o futuro parlamentar havia dito ao jornal O Estado de S. Paulo em novembro, logo após ser eleito, ser contrário à fixação de uma idade mínima para a aposentadoria, um dos pilares da reforma.

Questionado sobre a resposta dada há dois meses, afirmou que sua posição é de que a idade mínima não seja muito alta a ponto de torná-la "absurda" e que os critérios estabelecidos para este ponto da reforma levem em conta especificidades como a questão regional e o tipo de trabalho desenvolvido. Um exemplo citado por ele é o caso do trabalhador rural.

Ainda não há uma proposta oficial do governo, mas o presidente Jair Bolsonaro já disse que o ideal de idades seria de 62 anos para homens e 57 para mulheres se aposentarem.

O deputado também chegou a dizer que era contrário à privatização da Eletrobrás. Neste ponto, ele admitiu que vai rever sua opinião. "Hoje eu votaria com o governo mesmo que eu não fosse o líder. Não me sentiria aviltado em seguir a posição do governo."

Desde que seu nome foi anunciado por Bolsonaro, por meio de uma rede social - o Twitter -, no último dia 14, Vitor Hugo intensificou sua agenda de compromissos em Brasília.

No dia seguinte ao anúncio, ele se reuniu com o ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz. Um dia depois, foi recebido pelo próprio Bolsonaro no Palácio do Planalto. Os dois têm em comum o fato de terem estudado na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).

O futuro líder do governo na Câmara também foi convidado pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, de quem é amigo desde a Aman, para uma viagem a Rio Verde, interior de Goiás.

Inexperiência

Vitor Hugo credita sua indicação ao fato de, dentre os novatos do partido, ser o único que tinha conhecimento sobre o funcionamento da Câmara dos Deputados.

Após atuar nas Forças Armadas por mais de 20 anos, deixou a carreira militar quando passou em concurso da Câmara, em 2015, onde atuava como consultor legislativo na área de segurança. No ano passado, foi eleito com 31.190 votos, uma das mais baixas votações do PSL.

Ao Estadão/Broadcast, Vitor Hugo afirmou que pretende estabelecer uma nova relação entre o Legislativo e o Executivo e, como uma "novidade", quer envolver os parlamentares na elaboração das propostas do governo antes mesmo que sejam encaminhadas ao Congresso.

Sobre o fim do chamado "toma lá, dá cá", prática amplamente repudiada por Bolsonaro durante sua campanha eleitoral, o deputado eleito afirmou que o desafio não será só dele. "Como é o País inteiro que tem ânsia por isso, a gente imagina que, embora seja desafiador, existe uma predisposição de todos, inclusive dos parlamentares", disse.

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